Ontem o governo brasileiro anunciou uma ampla mudança nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Entre as alterações, destaca-se o aumento da tributação sobre operações internacionais, como o câmbio para investir no exterior, que passou a ser taxado em 3,5%. A medida surpreende não apenas pelo impacto direto sobre os custos de remessa, mas também por escancarar, mais uma vez, a instabilidade do ambiente regulatório brasileiro.
Na prática, o investidor que decide enviar recursos para o exterior agora arca com um custo adicional. Mas seria essa mudança motivo suficiente para abandonar a estratégia de investir no exterior? Definitivamente, não. Pelo contrário, o aumento do IOF é mais um sinal claro da necessidade de diversificação geográfica de patrimônio.
Historicamente, o Brasil é marcado por alterações repentinas nas suas regras. Essa recente mudança no IOF, que afeta desde o uso de cartões internacionais até aplicações em fundos no exterior, reforça o risco regulatório a que investidores estão expostos ao manter 100% do capital no país. A incerteza sobre o futuro das regras é, por si só, um custo invisível que corrói a previsibilidade e dificulta o planejamento de longo prazo.
Hoje foi o IOF. Amanhã pode ser uma tributação sobre dividendos, um outro novo imposto ou restrições a remessas. Investir no exterior é, portanto, uma forma de proteger-se da política econômica doméstica, que frequentemente muda ao sabor do ciclo político.
Mesmo com o novo IOF, o custo total de investir no exterior ainda é pequeno frente aos benefícios de longo prazo. A tributação de 3,5% é uma barreira inicial que pode ser diluída ao longo dos anos com os ganhos obtidos fora do país.
No fim das contas, investir fora do Brasil não é só uma decisão sobre ganhar dinheiro, é também sobre liberdade. É ter o poder de colocar seu dinheiro onde há mais estabilidade, inovação e segurança. Essa mudança no IOF deixa claro que as mudanças por aqui podem acontecer a qualquer momento e sem aviso prévio.
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Raphael Rocha.
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