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Nova ordem ou desordem mundial?

Nos três anos desde a invasão em larga escala à Ucrânia, os Estados Unidos e seus aliados trataram a Rússia como um pária, acusada de violar o direito internacional.

Mas o presidente Donald Trump virou as coisas de cabeça para baixo: ele está restabelecendo relações com Moscou, recusando-se a culpar a Rússia ou declarar a Ucrânia a vítima na guerra.

Para alguns, parece que a “ordem mundial liberal”, com suas raízes na década de 1990, está dando seus últimos suspiros.

A ordem internacional forjada após a Guerra Fria está implodindo por todos os lados pelo retorno de homens fortes, nacionalismo e esferas de influência — com o presidente Trump liderando a carga.

Por que isso importa: Trump despreza abertamente as instituições internacionais e alianças tradicionais. Em vez disso, ele vê uma grande oportunidade em um mundo dominado por superpotências e ditado por meio de acordos.

A abordagem de Trump é baseada, de acordo com autoridades dos EUA, em “realismo” — e na crença de que “valores compartilhados”, normas internacionais e outros conceitos frágeis nunca podem substituir o “poder duro”.

“A ordem global do pós-guerra não é apenas obsoleta”, declarou o secretário de Estado Marco Rubio em sua audiência de confirmação no mês passado. “Agora é uma arma sendo usada contra nós”.

Onde os EUA antes ajudavam a impor normas globais, como no comércio, Trump as está minando.

O primeiro mandato de Trump apresentou novas ameaças às alianças e estruturas do século XX — a OTAN, a Organização Mundial do Comércio, até mesmo a ONU.

Um segundo mandato de Trump poderia torná-los virtualmente obsoletos.

Ampliar: A fragilidade da ordem baseada em regras foi exposta esta semana no cenário global preeminente construído para apoiá-la.

O panorama geral: No mundo multipolar de hoje, os EUA, a Rússia e a China estão todos correndo para proteger seus interesses estratégicos e solidificar — ou expandir — suas esferas de influência.

O presidente russo Vladimir Putin sonha em reconstituir o grande Russia e tentou fazê-lo à força — invadindo a Ucrânia e se intrometendo em eleições em todo o mundo ocidental.

A China, uma superpotência econômica e militar sob Xi Jinping, está observando a Ucrânia cuidadosamente enquanto pondera se deve invadir Taiwan e consolidar o legado de Xi por meio da “reunificação”.

Trump, enquanto isso, rompeu bruscamente com seus antecessores ao pedir a expansão do território dos EUA — potencialmente para incluir o Canadá, a Groenlândia, o Canal do Panamá e até mesmo a Faixa de Gaza.

Ele também flutuou grandes acordos com Pequim e Moscou em tudo, de comércio a armas nucleares.

Esta é uma grande competição de poder em sua forma mais pura, e é a direção que Trump — para profunda consternação de países pequenos e médios — parece ter a intenção de levar o mundo.

Ordem Global

A ordem mundial liberal também é pautada por um conjunto específico de valores, como o livre comércio, defendido por instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Por trás de tudo isso, há a crença ideológica de que a democracia liberal ocidental representa o melhor modelo de governo.

A década de 1990 testemunhou o florescimento desses ideais, à medida que dezenas de nações adotaram reformas de mercado e, pelo menos em teoria, governança democrática.

Enquanto muitos apenas prestavam homenagem aos valores liberais, muitas nações em desenvolvimento se beneficiaram economicamente do acesso aos mercados globais — o produto interno bruto (PIB) da China, por exemplo, cresceu em média 9% ao ano por uma década, enquanto Irlanda, Índia, Coreia do Sul, Argentina, Chile e outros também prosperaram.

Nesse período, também houve a resolução de vários conflitos violentos e de longa data, incluindo a luta de décadas entre os separatistas bascos e o Estado espanhol; conflitos na Irlanda do Norte; a guerra da Eritreia pela independência; e a guerra civil no Líbano.

Muitas dessas disputas estavam direta ou indiretamente ligadas à rivalidade da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética.

Entre 1990 e 2015, mais de 1.100 acordos de paz foram concluídos.

 

Violações do direito internacional podem ser oficialmente designadas por meio de resoluções da Assembleia Geral da ONU ou decisões do Tribunal Internacional de Justiça.

O Conselho de Segurança da ONU pode então impor sanções econômicas ou, em casos extremos, autorizar ações militares.

Na prática, sanções e intervenções militares são frequentemente realizadas sem a aprovação da ONU — algo que a Rússia critica há muito tempo.

No entanto, desde a guerra russo-georgiana de 2008, a Rússia também empregou força militar sem autorização da ONU.

Questão Tarifaria

O presidente dos EUA, Donald Trump, redobrou a aposta na defesa das tarifas sobre produtos importados por seu país em discurso ao Congresso americano na noite de terça-feira (04/03).

Trump citou nominalmente o Brasil como possível alvo de novas tarifas ao dizer que o país “sempre usou tarifas contra os EUA.

Os EUA impuseram tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México e implementaram uma taxa de 10% extra sobre importações chinesas, elevando a taxa tarifária total para 20%. As tarifas entraram em vigor na terça-feira.

O Canadá e a China retaliaram com suas próprias tarifas — ou impostos sobre importações — sobre muitos produtos dos EUA.

Trump disse ter como alvo o Canadá e o México porque ambos os países estão permitindo a entrada de um grande número de imigrantes ilegais nos EUA.

Também afirmou que as duas nações e a China permitem que grandes quantidades de fentanil produzido ilegalmente sejam enviadas para os EUA.

Economistas alertam que essas tarifas podem prejudicar empresas e consumidores nos EUA e no resto do mundo.

Durante o discurso no Congresso, Trump admitiu que tarifas sobre bens de Canadá, México e China podem provocar “perturbações” e que os produtores agrícolas americanos podem sentir “um período de indigestão”.

Mas nada em seu discurso sugere que ele esteja repensando a política de guerra comercial que vem abalando os mercados financeiros nos últimos dias. Na verdade, ele prometeu impor mais tarifas recíprocas sobre todos os parceiros comerciais dos EUA a partir do próximo mês.

Conclusão

Neste tempo de evolução da inteligência artificial, engenho mais revolucionário do que foi a energia elétrica quase 200 anos atrás, da quebra de todos os paradigmas do pós-guerra por Donald Trump, inaugurando uma nova ordem global de oligarcas e três autocratas – ele mesmo, o russo Putin e o chinês Xi -, de mudanças climáticas, não falta o que mereça a atenção e discussões profundas.

O que nos diz respeito são os exercícios, por agora, quando há, extremamente superficiais, sobre como podemos recuperar o modelo e encarar os desafios da nova ordem.

O mundo multipolar, supervisionado por regramentos globais das Nações Unidas (ONU), do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do Comércio (OMC), entre outros, já era pouco respeitado, e com Trump, adepto de negociações bilaterais, quando não impostas inclusive a países amigos dos EUA, não será cutucando o que chamam de “estadunidenses” que se vai a lugar algum.

Nesse momento de interesses opostos, é difícil saber para onde vai o mundo. Certo é que não será igual, não por Trump ou Putin, mas pelas megatendências ditadas por fatores alheios a eles, como o envelhecimento demográfico, a digitalização em massa, a mudança climática e suas sequelas catastróficas, a inteligência artificial aplicada na prática e ainda incipiente. Isso é que será definidor.

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