O tom aumentou na guerra da Ucrânia x Russia: Novos riscos para o mercado?

“A verdade está do nosso lado, e a verdade é força!”, bradou o presidente russo, Vladimir Putin, em um microfone na Praça Vermelha, em Moscou, na semana passada, após uma cerimônia na qual proclamou quatro grandes pedaços do território ucraniano como sendo agora parte da Rússia.

“A vitória será nossa!”

Mas no mundo real, a situação parece bem diferente.

Enquanto Putin assinava seus tratados de anexação ilegal no Kremlin, as forças ucranianas avançavam dentro das áreas que ele acabara de tomar.

Centenas de milhares de homens estão fugindo da Rússia para não serem alistados para lutar em uma guerra ainda em expansão.

E as coisas estão indo tão mal no campo de batalha que Putin e seus apoiadores estão agora reformulando o que outrora afirmavam ser a “desnazificação” da Ucrânia e a proteção dos falantes de russo como uma luta existencial contra todo o Ocidente “coletivo”.

Censura entra em colapso

Mas a confusão gerada pela convocação e o constrangimento militar da Rússia estão levando figuras mais proeminentes a se manifestarem.

Quando liberais condenaram a invasão da Ucrânia, eles foram presos — e muitos ainda estão atrás das grades.

Até mesmo chamar de guerra essa operação é ilegal.

Nos círculos pró-Kremlin, a palavra “guerra” agora é lugar-comum, assim como as fortes críticas ao comando militar da Rússia.

O parlamentar Andrei Kartapolov foi o último nesta semana a fazer um apelo ao Ministério da Defesa para “parar de mentir” sobre as dificuldades russas, porque “nosso povo está longe de ser estúpido”.

Risco no aumento do tom

Temores renovados dos investidores sobre o risco de recessão nas grandes economias globais nos próximos meses e relativos à duração da guerra na Ucrânia impõem uma sessão de queda nas principais Bolsas globais

A queda da moeda norte-americana foi interpretada por alguns participantes do mercado como uma continuação da tendência recente de depreciação do dólar na esteira do primeiro turno das eleições locais

Um dos principais receios é que a guerra chegue ao nível nuclear. Ninguém está colocando no preço ainda o risco de alguma tensão nuclear mais forte. Isso, se acontecer, fica até difícil argumentar muito bem o que pode acontecer. Com certeza deve prejudicar todo mundo.

A preocupação até agora tem sido com a perspectiva de a Rússia implantar uma chamada arma nuclear “tática” – um dispositivo de curto alcance para uso no campo de batalha – em vez das armas “estratégicas” em mísseis de longo alcance que os Estados Unidos e Rússia armazenam desde a Guerra Fria.

Risco para inflação

O agravamento da crise entre Rússia e Ucrânia nos últimos dias pode elevar o preço das commodities, o que pode beneficiar o mercado brasileiro no curto prazo, mas ao mesmo tempo acende o alerta sobre a inflação.

Caso o conflito se estenda, podemos ter uma falta de produção dessas commodities, fazendo com que a inflação, especialmente na parte de alimentos, suba de uma maneira bem efetiva e, consequentemente, as outras pontas de inflação que estão tendo deflação, como transportes, saúde, acabem não suprindo a inflação em relação aos nossos alimentos.

O filme não é novo: o mesmo aconteceu em fevereiro desse ano, quando o conflito eclodiu. O risco é de que de as restrições de oferta sobre commodities não-metálicas (a Rússia é um grande produtor e exportadora de petróleo para o mundo) e agrícolas (a Ucrânia se destaca na exportação de grãos) atuem como um gatilho para que um repique, mais intenso do que a primeira vez, ocorra nos preços de energia e alimentos.

No longo-prazo, contudo, há um efeito depressor sobre o mercado de renda variável como um todo, já que o aumento prolongado da inflação obrigaria uma ação ainda mais drástica dos Bancos Centrais (o BC brasileiro também estaria nessa conta), que correm para enfrentar a pior alta global de preços dos últimos quarenta anos, amplificando as chances de uma recessão econômica induzida por elevação de juros.

Vamos aguardar cenas do próximo capitulo.

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