PIB da China cresce 18,3% no 1T21, mas NÃO compre XINA11

O PIB da China cresceu 18,3% no primeiro trimestre de 2021, em relação ao mesmo período de 2020. A expectativa, porém, era de um crescimento de 19,2%. Como no 1T20 a China sofreu uma grande retração (6,8%), devido aos severos bloqueios para conter a proliferação do coronavírus, a elevação atual já era amplamente esperada, mas, mesmo sendo abaixo do consenso, a expectativa para o restante do ano é ainda bem positiva, com muita gente do mercado esperando um crescimento total de 9% em relação a 2020.

Além disso, desde quando a China passou a fazer medições trimestrais do PIB, em 1992, essa foi a maior alta registrada em um trimestre.

Fonte: OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)

Os casos e mortes na China por coronavírus seguem muito abaixo na comparação com outros países, inclusive com a Índia, bem próxima geograficamente e que tem vivido dias mais difíceis, com sucessivos aumentos de casos e mortes. A China, inclusive, é o segundo país do mundo que mais vacinou, atrás dos EUA.

A China, portanto, é um grande país para se investir neste ano.

Mas você deve estar se perguntando: se o crescimento da China foi bom e deve continuar forte, então por que não devemos comprar XINA11?

Antes, cabe aqui uma breve explicação sobre esse ativo. O XINA11 é um ETF gerido pela XP e que acompanha o índice MSCI China, que é composto por empresas chinesas de grande e médio porte listadas em todos os mercados do mundo.

O índice é composto por mais de 700 empresas, que representam cerca de 85% do universo de empresas chinesas de capital aberto, com uma capitalização total de mais de US$ 2,7 trilhões.

Hoje, as maiores posições do MSCI China são as seguintes:

Fonte: ETF.com

Além disso, o ETF é composto por quase 50% de empresas do setor de tecnologia:

Fonte: ETF.com

Certo, mas os reais motivos para não investir no XINA11 não são especificamente esses.

O XINA11, assim como MSCI China, não possui nenhuma restrição para investir em empresas com alta participação do governo chinês, e esse é o principal fator que me fez optar por outro ETF na hora de investir na China.

Como sabemos, inclusive com exemplos aqui do Brasil, empresas com alta participação do governo costumam tomar decisões mais voltadas para maiores benefícios do próprio governo, em detrimento dos demais acionistas, o que tende a gerar uma maior ineficiência dessas companhias no longo prazo.

Além disso, falando agora especificamente das empresas chinesas, diversas companhias do país foram alvos de acusação do governo americano por serem controladas pelo exército chinês e, com isso, várias companhias foram “deslistadas” das bolsas norte-americanas.

Eu poderia citar diversos outros focos de preocupação com atitudes tomadas pelo governo da China, mas o texto acabaria ficando grande demais. É importante saber que há divergências significativas no modo de pensar entre a maioria dos países mais importantes do ocidente e a China, o que pode aflorar ainda mais os conflitos em cima de empresas controladas pelo governo de lá.

Por esses motivos, e com objetivo de minimizar os riscos de investir na região, eu, hoje, prefiro ter exposição neste mercado via ETF CXSE (WisdomTree China ex-State-Owned Enterprises), que tem como principal regra não investir em empresas em que o governo chinês possui mais de 20% de participação.

Claro que isso não exclui todos os riscos políticos, mas minimiza bastante as chances de surpresas adversas.

E não estou falando isso apenas com base na minha opinião. Se olharmos o gráfico dos últimos cinco anos, vemos que o ETF CXSE tem uma enorme vantagem sobre o MSCI China e que, consequentemente, também possui sobre o XINA11:

Fonte: Yahoo Finance

Sabemos que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, mas a vantagem é bem relevante, de quase o dobro do rendimento do MSCI China nos últimos 5 anos.

Sobre o XINA11, essa diferença seria ainda maior, já que, além dos 0,59% de taxa de administração do MSCI China, o XINA11 ainda tem uma taxa adicional de 0,3%, encarecendo ainda mais o ativo.

O CXSE, entretanto, possui uma pequena taxa de 0,32%, tornando ele ainda um veículo mais barato de se expor ao mercado chinês.

Segue abaixo as principais posições do CXSE hoje:

Fonte: ETF.com

O principal ponto negativo que vejo hoje de se investir no CXSE, é que você não consegue fazer isso aqui do Brasil. Para ter exposição nele, é necessário criar uma conta no exterior e remeter o dinheiro lá para fora.

Não tem nenhum trabalho de outro mundo nisso, e inclusive dentro do Dica Internacional nós temos, além de 5 carteiras recomendadas, um minicurso de como investir no exterior, que aborda todos esses pontos de transferência do dinheiro e abertura de conta em corretora americana. Clique aqui para ter acesso.

Concluindo, dentre todas as possibilidades de se investir na China, creio que o XINA11 não seja a melhor opção, mesmo sendo uma possibilidade mais acessível.

Com toda a facilidade de se investir diretamente no exterior hoje, acredito que podemos fazer isso de uma melhor forma, através do CXSE.

Abraços e bons investimentos,

Raphael Rocha.

 

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