Quero compartilhar com vocês algo que aprendi nesta semana sobre investir em dólar que abriu a minha mente e me convenceu, por meio de dados, que de fato, o dólar sempre sobe no longo prazo (e isso tem motivo).
Primeiro, quero mostrar para vocês um gráfico que cruza a cotação do dólar com a diferença de inflação do Brasil para os Estados Unidos. Vejam só:
Esse gráfico nos revela uma correlação importante entre a inflação relativa do Brasil frente aos Estados Unidos e a taxa de câmbio USD/BRL. Ao longo do tempo, observamos que uma inflação mais alta no Brasil, quando comparada à inflação americana, tende a resultar em uma depreciação do real. Isso ocorre porque, em um ambiente de maior inflação, o poder de compra da moeda doméstica diminui, o que exige mais reais para adquirir um dólar. O efeito prático disso é a elevação da taxa de câmbio, ou seja, a valorização do dólar em relação ao real.
No entanto, essa relação não é linear e apresenta desvios em períodos específicos, que podem ser explicados pelo chamado “risco Brasil”. Momentos de crise política, incerteza fiscal ou instabilidade econômica, como o período do impeachment em 2016 ou as turbulências fiscais recentes, tendem a gerar uma fuga de capitais. Investidores estrangeiros, temendo desvalorização cambial e perda de rentabilidade, buscam ativos mais seguros, como o dólar, o que intensifica a depreciação do real independentemente da diferença de inflação. Assim, o câmbio passa a ser influenciado não apenas pelo diferencial de inflação, mas também pela percepção de risco associada ao cenário local.
Adicionalmente, é interessante notar que durante períodos de controle inflacionário ou quando a inflação brasileira se aproxima da americana, o real apresenta uma relativa estabilização ou até apreciação. Entretanto, isso só se sustenta enquanto o ambiente econômico interno estiver estável e o risco Brasil estiver sob controle. Caso contrário, mesmo com inflação moderada, o real pode continuar se desvalorizando devido à perda de confiança dos investidores, ilustrando como o câmbio é sensível a fatores que vão além da política monetária, como governança e credibilidade fiscal.
Por fim, para fechar o raciocínio e mostrar, na prática, como essa diferença se deu em termos de investimento:
Nos últimos 10 anos, o investimento em dólar não apenas serviu como proteção contra a inflação, mas também proporcionou um ganho real significativo para os investidores brasileiros. Durante esse período, o retorno da moeda americana foi equivalente ao IPCA (inflação brasileira) +2,5% ao ano, o que reflete, de forma aproximada, o diferencial de inflação entre Brasil e Estados Unidos. Essa valorização adicional do dólar demonstra que ele não apenas preservou o poder de compra dos investidores, mas também entregou um prêmio real consistente.
Na prática, quem manteve parte de seu patrimônio em dólar durante a última década conseguiu se beneficiar tanto da alta da moeda quanto do impacto da inflação, que corroeu o valor do real.
E se você, assim como eu, considera que, no longo prazo, a inflação brasileira tende a ser superior a inflação dos EUA, faz todo sentido dolarizar parte do patrimônio para se aproveitar não só desse retorno real que o dólar oferece, bem como da possível valorização da bolsa americana.
Grande abraço,
João Pedro Mello
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