Estrategistas, não falaremos aqui sobre qual é o candidato mais favorável para o mercado, para o Brasil ou para a sua vida, mas sim sobre o momento para se investir…
Muitos investidores, em dado momento da vida, devem ter recebido o seguinte conselho: não invista em ano eleitoral brasileiro, a volatilidade é alta e você vai perder dinheiro! Mas na verdade, o que acontece com a bolsa quando ocorrem eleições presidenciais? E depois delas? Será que o Ibovespa costuma entrar em ciclo de alta? Voltemos no tempo…
Eleições de 2002:
As eleições de 2002 foram marcadas pela disputa entre o candidato José Serra do PSDB, indicado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, e o candidato de esquerda e ex-metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva. Lula liderou todas as pesquisas eleitorais do período o que inicialmente assustou o mercado, pois sempre foi crítico do capital internacional, do lucro das grandes empresas, radicalmente contra as privatizações e tinha propostas que elevariam muito os gastos públicos. Em setembro de 2002 o dólar disparou e chegou a ser cotado a R$ 3,76, em valores corrigidos pela inflação ultrapassaria a casa dos R$ 7,00, já o Ibovespa atingiu um fundo de 8.623 pontos. Mas qual foi o desempenho do Ibovespa de setembro de 2002 até setembro de 2006 (mês anterior a outro período eleitoral)?
Alta de 322%!
Fonte: TradingView
Eleições de 2006:
A disputa foi entre o então presidente Lula, candidato a reeleição, e Geraldo Alckmin do PSDB. No dia 31 de outubro de 2006 já com a reeleição do Lula o Ibovespa estava cotado a 39.262 pontos, até o período das eleições de 2010 o Brasil atravessou a crise norte-americana do subprime em 2008. Assim foi o desempenho da nossa Bolsa no período de 2006-2010.
Alta de 90%!
Fonte: TradingView
Eleições de 2010:
A disputa a presidência foi polarizada pela candidata da situação, Dilma Roussef, e o candidato José Serra. O PT venceu novamente e no período de 2010 a 2014 elevou os gastos públicos a novos patamares além do equivocado plano de crescimento econômico, aqui se instalou a crise que eclodiu em 2015. Vejamos como foi o desempenho da Bolsa.
Queda de 22%!
Fonte: TradingView
Período de 2015-2022:
Período que iniciou com a crise fiscal de 2015, inflação disparada assim como elevação do desemprego e início da articulação para o impeachment da presidente Dilma, concretizado em 2016. Assume então o seu vice Michel Temer, que iniciou uma série de reformas como a trabalhista e a implantação do teto de gastos. Em 2018 a vitória da corrida presidencial foi do candidato Jair Bolsonaro, que em 2019 implantou a reforma da previdência.
Em 2020 surgiu a pandemia do corona vírus que afetou os mercados do mundo todo e no ano seguinte iniciou o processo inflacionário em escala global devido as medidas de estímulos monetários e fiscais implantado por bancos centrais ao redor do mundo, além do desalinhamento entre oferta e demanda, elevando e muito o preço das commodities. Em 2022 iniciou a guerra entre russos e ucranianos afetando a oferta de diversas commodities, além de tensões geopolíticas entre as duas maiores economias do planeta. Apesar de tantos fatos negativos veja como foi o desempenho do Ibovespa neste período.
Alta de 59%!
Fonte: TradingView
CONCLUSÃO:
Na maioria dos intervalos que analisamos o desempenho do Ibovespa foi bem positivo mesmo iniciando a análise em época eleitoral. O investidor deve observar que a economia opera em ciclos econômicos de alta, de baixa e de lateralização e que não se deve tentar acertar o timing de entrada na renda variável. Basicamente, o que tem que ser feito é investir em ativos de qualidade, com regularidade, prazo de investimento superior a 10 anos, e tudo com muita disciplina. Portanto, a sua decisão de investir não deve se basear em período eleitoral ou não. É certo que esse momento traz volatilidade para a bolsa, mas deixar de investir exclusivamente por isso é potencialmente perder a oportunidade de comprar ativos a preços atraentes…
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Observação: o presente artigo contou com a colaboração do autor Giovanni Andrade de Souza Lima- Economista pela UFJF e especialista em renda variável.
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