O dinheiro da tecnologia é o mesmo da vida real?

“A primeira bolha começou de um jeito tão pitoresco que parece mentira. primeiro, um certo capitão de navio encontrou um tesouro. tesouro mesmo, daqueles de baú, sem figura de linguagem. esse capitão, william philipps, voltou do mar em 1687 com 32 toneladas de prata e baús de joias retirados de um galeão espanhol que naufragara. isso rendeu £ 190 mil (r$ 800 milhões) para serem divididas entre os financiadores da expedição. um retorno de 10.000% “tem bagulho bom aí”, um monte de gente deve ter pensado: de cara, surgiram dezenas de empresas de caça ao tesouro expedições marítimas dedicadas a urubuzar a prata naufragada que os espanhóis tinham ido buscar na américa do sul.

Como financiar as empreitadas? Opa. Lançando ações nos cafés da Exchange Alley. Empresas de equipamentos de mergulho aproveitaram a onda de caça ao tesouro e já vendiam ações antes de abrir as portas. Algumas viram seus papéis subirem mais de 500% sem sequer terem saído do papel – exatamente como aconteceria com algumas das empresas de Eike Batista três séculos mais tarde, mas isso fica para depois.

Foi uma festa no beco do comércio. Com tanto dinheiro girando, a facilidade para levantar empréstimos com banqueiros aumentava. E quanto mais as pessoas ganhavam, mais pegavam emprestado para aplicar. Todo mundo saía ganhando. Então o que poderia dar errado? Um detalhe desconsiderado até então: a realidade. Logo descobriram que, no mundo de verdade, o mar não estava tão cheio de tesouros. Phillips deu sorte, só isso. O resto foi telefone sem fio: uma lenda urbana sobre riquezas perdidas no fundo do mar que foi ganhando força, transmitida pela rede de cafés de Londres. Nada justificava a ideia de a cidade inteira se lançar ao mar atrás de galeões finados – até hoje encontrar navios afundados é uma operação para lá de complexa, imagine no século XVII…”  Trecho do livro Crash : uma breve história da economia : da Grécia Antiga ao século XXI, de Alexandre Versignassi

Veja que estamos falando do século XVII, e que na época o governo chegou a considerar a proibição da operação do mercado de ações, devido a esse choque de realidade que frustrou os sonhos e expectativas dos negócios de “papel”, os vendedores de possibilidades, os criadores das empresas do futuro.

As tentativas continuam existindo, temos muitos exemplos ao longo da história, poderíamos citar os holandeses e as Companhias das Índia, na cola dos portugueses, ou mais recentemente empresas como as citadas no trecho do autor, as famosas X. Existem inúmeras lições ao longo da história, mas gostamos de persistir no erro.

Podemos citar a Companhia dos Mares do Sul, onde até Isac Newton perdeu seu rico dinheirinho, quando após sair das operações com um lucro superior a 100%, viu a ação continuar a subir e subir e acreditou que deveria entrar novamente na operação. Aqui cabe lembrar que a operação citada é uma aula sobre como começar um negócio em conjunto com o governo, ativar o modo especulação ao nível máximo e finalizar como um esquema de pirâmide.

Eu recomendo que você leia sobre a empresa e também sobre a antecessora, a companhia Mississipi e a tentativa de eliminar da economia o ouro e a prata, só com essa informação você já deve imaginar o fim que ela levou, e como afetou o sistema bancário na época.

Na virada do milênio, quantas empresas eram a “chance de uma vida?” Quantas existem até hoje?

Isso significa que mudanças são ruins? Absolutamente não. Mas significa que precisamos estar atentos aos fatos e números muito mais do que ao discurso.

No curto prazo a especulação vai ditar a volatilidade e os preços dos ativos serão precificados de acordo com essa incerteza, mas lembre-se que ativos não são apenas aquelas letras negociadas na Bovespa, são negócios e por natureza são dinâmicos e alguns estarão mais preparados para enfrentar a turbulência, tem planos e são ágeis e eficientes para reorganizar as operações, outros infelizmente irão afundar com a crise por um período considerável.

O que vemos hoje são problemas na demanda e na oferta ocorrendo ao redor do mundo, inflação alta, juros altos, e isso impacta setores de maneira distinta e tende a puxar para baixo os ativos com muitos intangíveis e ágio elevado, afinal no susto a tendência é correr ao encontro da proteção e não cair nos braços do risco.

E isso não torna os ativos que vem ao mercado com uma ideia diferente de negócio em ativos ruins de forma geral, pensar assim é improdutivo.

“Como qualquer outra bolha, a da internet não bolhou porque o mundo é cheio de imbecis, mas porque estava deixando muita gente muito rica.” Crash : uma breve história da economia : da Grécia Antiga ao século XXI, de Alexandre Versignass.

Mas, é preciso que tenhamos consciência de que pagar pelo risco de execução de uma idéia é muito diferente de assumir um investimento em empresas com mercado e que estão se adaptando a essas mesmas mudanças. A idéia de que apenas pela empresa ser nova significa que ela é disruptiva e que a que já existe não tem essa capacidade, é um olhar enviesado e superficial de como funciona o mundo dos negócios.

Comece a enxergar o ecossistema, veja os negócios como provedores de soluções dentro de uma cadeia, com parcerias, como um sistema integrado que pode evoluir e muito com esforço conjunto. Isso é o que geralmente sobrevive no mundo real dos negócios, o tamanho da utilidade do serviço/produto para o ecossistema, e não apenas uma ideia.

Compre a capacidade de execução, a realidade do resultado e lembrem da importância da demanda, é ela que define o faturamento do negócio (juntamente com preço, que por sua vez está ligado as condições de mercado nas quais esse negócio está exposto).

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