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IBOVESPA PÓS-TEMER

 

Não estou fazendo o impeachment antecipado e nem estou falando que o presidente ira renunciar ou terá sua candidatura cassada. A questão é que nas próximas linhas explicarei com detalhes o momento atual da economia na minha opinião, e vocês irão entender o título. Acompanhem.

Eu começo com a seguinte pergunta: Por que a bolsa subiu tanto de Janeiro de 2016 até hoje?

Vejam bem, a bolsa saiu da mínima de 37500 pontos em 21/01/2016, para 61597 do fechamento do dia 18/05/2017. Mesmo com a queda no dia de hoje que escrevo em 18/05 de mais de 8,50% em que houve inclusive o acionamento do circuit breaker, a bolsa ainda tem uma alta acumulada de 64,25% em 16 meses, ou um retorno mensal de:

3,15% (a conta é 1,0315^16 – 1)

Mas vejam só, o crescimento da economia ainda não veio. Ainda não tivemos um único trimestre de crescimento do PIB. O nível de desemprego no país sobe mês após mês, e a dívida pública federal bate recorde atrás de recorde chegando a valores, no mínimo, preocupantes em relação ao PIB. Até porque se a dívida sobe e a economia não, esse percentual vai ficando cada vez maior. Além do menor percentual de investimentos das empresas neste século na série histórica.

Mas tiveram alguns campos que o Brasil teve melhoras também. A inflação convergiu para a meta, a taxa de juros começou a cair mais forte. Começaram a ser debatidas reformas que eram um tabu desde o governo FHC, passando por Lula e Dilma. Que ninguém quis mexer porque eram reformas extremamente impopulares.

 

Volto a perguntar: Será que só isso foi suficiente para fazer a bolsa crescer tanto?

 

Aí é que mora o charme e a beleza de se investir na bolsa de valores. Por isso que chamamos de investimento de risco e também de renda variável. Nós analistas imaginamos um futuro estimamos uma probabilidade e precificamos em cima dessa previsão. Ninguém compra o presente, nós compramos o futuro. O que adiantaria comprar a Kodak que tinha resultados maravilhosos, um ano antes do boom das câmeras digitais que reduziram muito os filmes tradicionais? O que adiantaria investir nas maquinas de escrever Olivetti, um ano antes da explosão de vendas de computadores?

Isso significa que a empresa pode ter tido resultados expressivos até aqui, mas se ela estiver um futuro nebuloso, suas ações irão cair. Veja também a Souza Cruz, uma das empresas mais lucrativas na bolsa na década passada, grande pagadora de dividendos, e que fechou o capital em 2014. Porque o hábito de fumar se reduziu muito.

Dito isso, eu posso responder com toda a certeza, mesmo sem ter absoluta certeza, precificamos um futuro melhor para o Brasil. Um futuro com inflações baixas, um futuro com taxas de juros de um dígito que não iniba a produção das empresas e das indústrias de forma geral, um futuro em que haja de novo geração de empregos. Um futuro em que o dinheiro dos impostos fosse gasto com responsabilidade fiscal, ou seja, no mínimo que se gaste menos do que se arrecada.

E tudo se mantinha tranquilo e caminhando. Até quarta a noite. Dia 17/05/2017. Neste dia, o áudio oque todos sabem sobre o presidente da república, modificou completamente o cenário para a economia.

O cenário que antes caminhava para uma alta do PIB mais forte ano que vem, e pra uma queda das taxas de juros para até 8% se esvaiu completamente.

 

Mas como apenas um áudio fez o cenário se esvair?

Como vocês viram, nós projetamos um cenário para o futuro, assim como os investidores estrangeiros. Tudo isso é medido através de um índice de confiança no país, chamado Risco EMBI, ou carinhosamente Risco Brasil. Olhe a tabela abaixo, e veja que o Risco para o estrangeiro investir no Brasil tem diminuído constantemente. Na tabela não tem, mas em Janeiro de 2016, quando começaram a aventar a saída da presidente Dilma via impeachment, esse Risco era superior a 500bps. Isso significa que para o investidor estrangeiro investir no Brasil, o país precisava pagar um prêmio de risco de 5% acima do que o que ele receberia no seu país de origem. Esse número se reduziu a metade. Hoje, esse número já subiu e encostou nos 300 pontos base, ou 3%.

 

ibovespa-temer-01

 

É muito importante dizer que, o aumento das incertezas com relação a política, irá fazer com que os investidores estrangeiros retirem o dinheiro do país, A fuga em massa do dinheiro faz com que o dólar suba, como vocês viram o dólar subiu no pregão do dia 18/05 de 3,13 para 3,37. Uma alta de quase 8%. Se o dólar sobe, passa a ter pressão inflacionária no Brasil. Mesmo que você não viaje, todos os produtos básicos que você utiliza no seu dia a dia são cotados em dólar como: café, petróleo, milho, papel, trigo, dentre outros. Se a inflação sobe a taxa de juros não pode cair. Olha como abriu no fim do dia as taxas do Tesouro Direto.

 

ibovespa-temer-02

 

Vejam que o título do Tesouro IPCA 2045 caiu 23% de um dia para o outro, mais que a maioria das ações. Mas o mais interessante é ver a taxa do pré-fixado. Percebam que a taxa atual deles é de 11,76% para os longos e de 10,83% para o curto. Isso dá uma média de um número bem próximo a taxa atual de 11,25%. Isso significa que a visão do mercado de queda de juros neste primeiro momento foi desfeita. E se os juros não caírem as empresas não investem porque o crédito fica caro. Imagina as empresas de transmissão de energia que no último dia 24/04 no leilão dos lotes pagaram as linhas com deságio de até 49%, fazendo cálculos com taxas de retorno de 9,5% ao ano, porque no futuro o cenário mais plausível era de taxas a 8%!! Esses investimentos serão enviáveis ou vão demorar a sair do papel. E se os investimentos não são realizados a economia não gera empregos e não aumenta o PIB.

Para facilitar toda essa explicação fiz a tabela abaixo:

Conclusão:

Como vocês podem ver infelizmente nesse primeiro momento o cenário de Brasil com crescimento e baixa inflação e taxas de juros está desfeito. Infelizmente, nossa estratégia do IPCA que tinha 80% de chance de dar certo, agora tem 80% de chance de dar errado, ou melhor de demorar talvez 3 anos ao invés de 1 ano.

Mas nem tudo é problema. Existe uma questão que é boa para o país e que é bem diferente da crise de 2008 nos EUA. Em 2008, a crise era estrutura. A estrutura financeira dos EUA tinha ruído. A estrutura não suportaria mais os junk bonds e nem as hipotecas de imóveis sobre valorizados. No caso do Brasil, a questão é apenas da pessoa do presidente, e provavelmente da classe política. Se o novo presidente resolver abraçar as reformas, respeitar e manter a política monetária, manter os nomes do Copom e do Banco Central, provavelmente o Brasil volte para os trilhos.

Mas e se o Temer ficar?

Mesmo, se o Temer ficar, será um Temer diferente. Por isso escrevi Ibovespa pós-Temer no título. Aquele Temer até quarta feira já não existe mais. Agora, ele terá mais dificuldade de levar a frente as reformas necessárias, terá dificuldades de manter uma base aliada forte que aprove suas medidas e suas atitudes serão em sua maioria  de sobrevivência, de tentar se manter no poder e na presidência. Com isso o Brasil deve perder dois anos em que para ele se manter no poder terá que se utilizar muito bem das “trocas de favores” que existe em Brasília.

Infelizmente essa crise deve custar o emprego de três milhões de pessoas que retornariam ao mercado de trabalho. No meu entendimento, o melhor cenário hoje seria sua renúncia com alguém de centro para entrar como interino nas eleições indiretas. Alguém comprometido com as reformas e com levar o Brasil de volta a um superávit primário. Se essa situação ocorrer, aquele cenário antigo se refaz. Ou ainda se o atual presidente conseguir manter uma base aliada forte, o que eu acho bem improvável.

 

Na Bolsa de Valores:

Eu falo sempre de gerenciamento de risco para vocês. Eu sempre mostro a importância de manter posições que vão segurar a sua carteira em um momento ruim. Essa situação deve ter atrapalhado o sonho de muitas pessoas, mas certamente abriu os olhos de muitos outros. Na minha carteira vocês viram que a Vale5 que tem receita em dólar, subiu 0,39%. Isso ajuda a mitigar as perdas em uma situação dessas.

Outra forma que uso muito para mitigar as perdas são as opções. Vejam nas fotos abaixo, algumas das estratégias que montamos no curso de opções Dica de Hoje e que ajudou a reduzir as perdas dos alunos também. E o principal, nos deixou com dinheiro agora para aproveitarmos as oportunidades.

Montagem e desmontagem de travas com puts.

 

Cross hedging (hedge a partir da correlação do ativo com a carteira)

ibovespa-temer-05

 

Trava strangle com delta hedge

ibovespa-temer-06

 

Como vocês estão vendo existem várias formas de proteção e elas me ajudaram muito a reduzir as perdas da minha carteira que seria de 9,5% para pouco menos de 3,8%. Se você gostou e quiser ter resultados assim também sempre preocupado com o gerenciamento de risco, adquira o curso de opções. São apenas 40 vagas.

Abraços e Bons Negócios

Daniel Nigri Analista CNPI

 

 

 

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