Antes de começar o texto, gostaria de dizer que adoro morar no Brasil e, provavelmente, morarei aqui pelo resto da minha vida.
Dependendo da região, você consegue sim ter segurança e uma boa qualidade de vida. Há diversas regiões do país com essas características e com uma população extremamente educada.
O meu trabalho, e de muita gente atualmente, permite que trabalhemos de forma 100% remota e podemos, com isso, morar em qualquer lugar do país e até fora dele. Essa flexibilidade é incrível.
Mas eu, particularmente, não consigo me imaginar fora daqui. Apesar de todos os problemas, gosto realmente de morar aqui. E também acredito que, um dia, o país conseguirá crescer de maneira sustentável e equilibrada.
Porém, não podemos misturar razão com emoção.
Racionalmente, essa melhora, se vier, demandará algum tempo considerável, não sendo algo para o curto prazo, definitivamente. Com sorte, pode começar no médio prazo, mas a esperança é que, em um prazo mais longo, o Brasil realmente fique diferente do que está hoje.
Por isso, quando analisamos empresas aqui do Brasil, costumamos olhar também o noticiário político. Quando eu analisava mais empresas do Brasil, esse era um hábito que eu tinha, muito mais do que hoje. Sei que alguns analistas não olham muito (e não tem nenhum problema nisso), mas para algumas empresas, acho que isso é muito importante. Isso é mais um costume meu, de saber o que está acontecendo, e também faço isso com outros países.
A diferença, a meu ver, é que quando você investe no exterior, e aqui estamos falando mais de Estados Unidos e Europa, você não precisa ter um foco na parte política. Eu, particularmente, olho mais as tendências do mundo como um todo, para me manter atualizado, e sei que esses países serão um dos precursores das possíveis novas mudanças.
Para talvez ser mais claro: em geral, a política desses países lá de fora não “atrapalham” as empresas locais, ao contrário do que, muitas vezes, acontece no nosso país, infelizmente.
Por mais que pensemos no longo prazo, uma mudança no rumo de uma empresa pode afetar o que ela se tornará no futuro, mesmo que a mudança leve apenas alguns poucos anos.
Além disso, quando esses problemas acontecem de forma repetida, como o que aconteceu com Petrobras na última sexta-feira (já tinha acontecido em outros governos), torna-se um pouco cansativo e, de certa forma, traz um desânimo maior, principalmente para quem tem posições na empresa.
Apenas com a possibilidade da troca de comando da empresa, o mercado na sexta respondeu com uma queda de quase 8% nas ações ordinárias, mostrando que não queria essa mudança, principalmente porque acreditava que ela estava sendo bem gerida e no caminho certo.
A certeza da troca só veio depois, com o mercado fechado. As ADR’s da empresa, negociadas nos Estados Unidos, caíram mais 9% no after market, depois que as notícias sobre a troca foram divulgadas. Essa foi apenas uma amostra da possível queda que deve acontecer quando o mercado abrir na segunda-feira.
Essa volatilidade no preço das ações é uma característica muito ruim de muitas empresas brasileiras, pois geram excessivas incertezas. Quando são de controle estatal, essa volatilidade tende a ser ainda maior.
Por isso, resolvi trazer aqui o beta de algumas empresas, também do setor de Petróleo e Gás, em comparação à Petrobras (beta é uma medida de volatilidade em relação ao índice de mercado; quanto maior, mais volátil é a ação):
Fonte: GF
Essa medida está relacionada aos últimos 3 anos. Veja que, de diversas empresas do setor do mundo, a Petrobras foi a que mostrou o maior beta. Isso corrobora com a tese de que é ainda mais arriscado investir no Brasil e é necessário ter um apetite considerável para aguentar todas essas histórias, que como eu disse acima, se repetem ao longo dos anos.
Em geral, isso acaba cansando os investidores. Se você tem Petrobras na carteira, muito provavelmente você se sente assim, cansado.
Isso tira a confiança de investidores estrangeiros, que poderiam inclusive contribuir para a queda do dólar, que auxiliaria nesta questão dos preços do diesel e gasolina, mas esse não é o ponto deste texto.
A tendência, com essa maior falta de confiança, inclusive, é o dólar se valorizar ainda mais. Fora isso, ainda tem a questão fiscal que ainda não está resolvida, sobretudo em relação ao novo auxílio emergencial.
Por isso, acredito firmemente que esse caso da Petrobras reforça ainda mais a tese de que devemos investir ao menos uma parte do patrimônio no exterior, de forma a fugir do risco Brasil e ainda ter, ao nosso lado, uma moeda mais forte que o real, além de empresas mundiais, que não temos acesso se investirmos apenas no Brasil.
Mas você não precisa tirar todo o dinheiro do Brasil, até porque a diversificação é importante nisso também e, se você pretender, assim como eu, continuar morando no Brasil, é interessante sim ter uma parte do seu capital no país.
Você também não precisa começar com muito nem investir tudo de uma vez.
Separe pelo menos 4 aportes e divida-os durante o ano. Nesse caminho você irá pegar câmbio bom, câmbio não tão bom e câmbio ruim e isso não fará diferença ao longo de sua trajetória.
Repita isso ao longo também dos próximos anos. Não adianta querer fazer market timing achando que o dólar está alto. Isso ninguém sabe. Se furarem o teto de gastos, por exemplo, esse dólar vai subir e você vai se perguntar por que não investiu antes.
No mercado lá fora, principalmente em países desenvolvidos, dificilmente acontece esses “problemas” que acontecem aqui e que também acabam sendo frequentes.
Se você quiser começar a investir no exterior ou quiser ter o produto mais completo do Brasil para quem busca recomendações de empresas lá de fora, é só clicar aqui para conhecer nossas carteiras. São 5 carteiras pelo preço de uma, estando incluída a carteira de BDR.
Abraços e bons investimentos,
Raphael Rocha.
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