Segundo o noticiário, a IRB Brasil (IRBR3), empresa de resseguros listada na bolsa de valores brasileira, tem o intuito de realizar uma oferta de ações para captar cerca de R$ 1 bilhão.
Antes de iniciarmos a discussão sobre o assunto, vale a pena relembrarmos do que se trata um follow-on.
Follow-on nada mais é do que uma oferta subsequente de ações, para que fique fácil de compreender basta pensar que a lógica é a mesma do IPO: emitir novas ações e vendê-las para o mercado com o objetivo de captar recursos ou aumentar a liquidez.
A grande questão é que sempre que você faz uma nova oferta de ações, os atuais acionistas do negócio são diluídos. Afinal, você “reparte” a empresa em mais pedaços e, consequentemente, cada pedaço detido terá menos valor. Logo, para que os antigos sócios permaneçam com sua participação na companhia inalterada, é necessário aderir à oferta e adquirir novas ações conforme elas forem ofertadas.
Dito isso, vamos prosseguir.
Como dito anteriormente, as empresas possuem, basicamente, dois motivos para executar um follow-on: captar recursos ou aumentar a liquidez. No caso do IRB, o motivo principal é a captação de recursos.
Para os que não estão a par da situação da empresa, desde 2020 suas ações vem registrando fortes quedas depois de um episódio de fraude contábil denunciado pela gestora Squadra. Somado a isso, diversos prejuízos líquidos também vêm sendo contabilizados pela companhia, a qual até hoje, não se recuperou. Diante desses fatores danosos ao negócio, a empresa enxerga a necessidade de uma injeção de capital para que possa sobreviver e, por meio do follow-on, é como a IRB pretende obtê-lo.
Fonte: Exame
Bom, e por que optar pela oferta de ações e não a tomada de crédito, por exemplo? Acredito que a resposta seja cenário econômico + custo.
De 2021 até hoje, as taxas de juros brasileiras subiram acentuadamente. Com o propósito de conter a inflação, após uma grande emissão de moeda em 2020, guerras, pandemia, dentre outros pontos que contribuíram para a escalada da mesma, o Banco Central foi obrigado a elevar os juros do país.
Sabendo que o aumento dos juros implica em um incremento nos juros cobrados pela tomada de dívida, pois tem como meta primordial a diminuição de moeda em circulação através do desestímulo a tomada de crédito por parte das empresas e pessoas, é factível pensar que captar recursos através do crédito, atualmente, seja muito custoso.
A taxa Selic, principal taxa de juros da economia brasileira, se apresenta hoje em 13,75% ao ano. Tendo em vista que empresas de capital aberto podem captar dívida à uma taxa em torno de CDI (~Selic) + 1,5%, o custo do crédito para esses negócios, no presente, está na faixa de 15,25% ao ano. Agora, raciocine, para fazer sentido pegar dinheiro tendo que pagar 15,25% ao ano em juros, o destino desse capital precisa ser bastante rentável, concorda? E, caso o investimento feito com ele não traga tanto retorno quanto se espera, pode ser um “tiro no pé”.
Por fim, compreendido todos esses elementos, faz sentido o IRB Brasil pensar em adquirir recursos por meio de uma oferta de ações, concorda? Afinal, se ela contrair uma dívida nas taxas de hoje, pode ser que ela se comprometa na hora de pagar suas obrigações.
Fez sentido?
Grande abraço e bons investimentos,
João Pedro Mello
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