Durante a COP27, o futuro presidente Lula, proferiu a seguinte frase: “Vai cair a bolsa, vai subir o dólar, paciência.”. Essa frase, apesar de parecer inofensiva e até inspiradora para alguns, é bastante preocupante, especialmente para as classes baixas.
Muito tem se discutido acerca do futuro governo. Não se sabe qual será, de fato, a postura do futuro presidente com relação aos gastos públicos. Em sua candidatura, Lula defendeu muito a responsabilidade social que o Estado deve ter e, nas últimas semanas, até mostrou descaso com o teto de gastos quando o assunto é investimento em saúde, educação, auxílios, dentre outros.
O problema é que, por mais relevante que o investimento nessas áreas seja, é preciso que o presidente demonstre certa responsabilidade sobre as contas públicas, caso contrário, ele afastará investidores e piorará a situação do país.
Isso acontece devido ao sentimento de medo e incerteza que gastos e dívidas públicas em patamares elevados geram no mercado. Por exemplo, um dos fundamentos econômicos mais importantes para compreensão da situação fiscal de um país é a relação Dívida Pública/PIB.
Segundo o Tesouro, o Brasil deve fechar o ano com essa relação em 76,2%, um patamar bem saudável se pensarmos em todas as crises e tensões que tivemos nos últimos 2 anos. Em contrapartida, segundo dados da XP, caso a PEC da Transição do governo Lula seja aprovada, essa relação poderia subir para 97,5%, ou seja, a situação fiscal e a solvência do Brasil piorariam astronomicamente.
Fonte: Poder360 e CNN Brasil
Quando investidores estrangeiros percebem que o Brasil está com suas contas públicas bem comprometidas, ele passa a exigir um retorno maior dos ativos brasileiros para investir aqui, afinal, o risco de colocar dinheiro no país cresce bastante.
Desse modo, o Tesouro precisaria oferecer juros superiores aos atuais para atrair capital e a bolsa precisaria estar em um Valuation ainda mais baixo. Ambos extremamente prejudiciais para o Brasil.
E não para por aí, quando a situação fiscal se deteriora, os investidores que estavam alocados no Brasil também tendem a tirar seu dinheiro do país e, na maioria das vezes, comprar dólar. Qual o resultado? Uma boa valorização do dólar frente ao real, como mostra o gráfico abaixo que vai do dia 04/11 até 19/11:
Fonte: Investing
Com o dólar ainda mais alto, uma série de produtos que são cotados em dólar também ficam mais caros. Alguns exemplos: café, trigo, alumínio, gasolina, celulose, milho, soja, algodão, etc…
Por fim, pense comigo, se esses produtos ficam mais caros e a maioria deles está presente no nosso dia a dia, qual o efeito colateral disso? O preço dos produtos do supermercado, do posto de gasolina, dentre outros, sobem! E quem mais sofre com isso? As classes baixas.
Fez sentido?
Grande abraço, João Pedro Mello
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