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QUANTO o DÓLAR realmente impacta o seu bolso e o Tesouro IPCA+ te protege mesmo?

Se você acha que o câmbio é só um problema para quem viaja para Miami ou importa eletrônicos, prepare-se para uma surpresa desagradável. A menos que você viva na selva, só ande de bicicleta ou a pé e costure suas próprias roupas, a taxa de câmbio tem um impacto direto no seu bolso. E não, segundo o estudo, o Tesouro IPCA+ não vai te salvar disso.

Um estudo da FGV revelou que até 25% da cesta de consumo dos brasileiros é afetada diretamente por variações cambiais. E se você acha que está protegido por investir em renda fixa atrelada à inflação, esse estudo também provou que isso é uma falácia.

Agora, vamos aos fatos.

Pesquisadores da FGV analisaram como a variação do dólar impacta diferentes faixas de renda no Brasil. Eles usaram dados do IBGE, do Banco Central e da Anbima para entender como a inflação responde às flutuações cambiais ao longo do tempo. E o resultado? Um desastre anunciado para quem ignora investimentos no exterior.

A pesquisa mostrou que a taxa de câmbio afeta mais do que apenas viagens internacionais e importados de luxo. Itens essenciais como combustíveis, medicamentos, eletrônicos e até mesmo alimentos têm seus preços influenciados diretamente pelo dólar. O trigo importado que se reflete no preço do pão, o petróleo cotado em dólares que impacta o preço da gasolina, e os insumos farmacêuticos importados que afetam os medicamentos são apenas alguns exemplos de como o dólar mexe no seu dia a dia, mesmo que você nunca tenha pisado fora do Brasil.

Se existe uma coisa que o investidor brasileiro faz bem, é ignorar o mercado internacional. Segundo a Anbima, apenas 1,11% dos investimentos em renda fixa estão no exterior. No caso dos fundos de ações, esse percentual sobe para “impressionantes” 1,97%. Resultado? Quando o real desvaloriza, o patrimônio do brasileiro fica cada vez menor em termos globais.

O estudo revelou que a inflação por faixa de renda está intimamente ligada ao câmbio. Inclusive, quanto menor a renda, maior o impacto. Veja só:

  • Para as classes média baixa e baixa, cerca de 13,9% da cesta de consumo é impactada pelo dólar.
  • Para as classes média alta e alta, o impacto cai para 12,03% e 11,07%,

Ou seja, mesmo quem não viaja e “só compra produto nacional” está exposto ao risco cambial.

O Mito do Tesouro IPCA+ Como Proteção Cambial

Muita gente acredita que investir no Tesouro IPCA+ é o suficiente para proteger o poder de compra. Mas os dados mostram que, em um período de 10 anos, a desvalorização do real foi quase o dobro da rentabilidade do Tesouro IPCA+.

Isso acontece porque a inflação medida pelo IPCA não captura integralmente o impacto do dólar sobre os preços. O repasse cambial para bens importados e setores dolarizados, como combustíveis e eletrônicos, ocorre de forma mais agressiva do que a cesta de produtos que compõe o índice oficial de inflação. Ou seja, enquanto a inflação sobe, o impacto real no seu bolso é ainda maior.

A Importância da Dolarização da Carteira

Dado o impacto do câmbio no consumo, o estudo recomenda que, para uma proteção mínima, os brasileiros deveriam ter pelo menos 16% da carteira alocada em ativos internacionais. Para as classes mais altas, esse percentual sobe para 18%.

Investir no exterior não é apenas uma forma de buscar retornos melhores, é também um mecanismo de defesa contra a desvalorização da moeda local. Ao dolarizar parte da carteira, o investidor protege seu poder de compra, garante acesso a setores que não existem no Brasil (como tecnologia e biotecnologia) e reduz sua dependência da economia doméstica.

A moral da história é simples: se você não investe no exterior, você está aceitando perder dinheiro sem reclamar. O dólar impacta diretamente sua vida, mesmo que você não perceba. E não, investir só em ações brasileiras não vai te salvar disso.

A diversificação internacional não é um luxo, é uma necessidade. O estudo mostrou que investir ao menos 16% da carteira em ativos estrangeiros é o mínimo para preservar seu poder de compra. Se você está acima da média de renda, esse percentual pode ser ainda maior.

Se você ainda acredita que “o Brasil vai dar certo e eu vou investir tudo aqui”, boa sorte. Mas a história mostra que a proteção cambial é fundamental para qualquer investidor que quer preservar seu patrimônio no longo prazo.

Referência: Yoshinaga, C. E., Castro Junior, F. H. F., Rochman, R. R., & Eid Junior, W. (2024). O impacto cambial no consumo dos brasileiros e a necessidade de diversificação internacional. FGV EAESP, Centro de Estudos em Finanças.

 

Grande abraço,

João Pedro Mello

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