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Analise de Starbucks (SBUX)

O Starbucks (SBUX) foi formado em 1985, possui suas ações negociadas na NASDAQ e é a principal torrefadora, comerciante e varejista de café especial do mundo, operando em 81 mercados.

A companhia vende uma variedade de produtos de café, café artesanal, chá, outras bebidas e diversos produtos alimentares de qualidade. A empresa ainda licencia suas marcas comerciais através daAliança Global do Café com a Nestlé, que possui o direito de vender e distribuir produtos embalados e alimentícios a varejistas e operadores.

Para continuar a crescer, a companhia permanece apostando em sua estratégia de aumento de sua base de lojas, tanto em mercados desenvolvidos quanto em mercados mais novos e com maior potencial de crescimento, como a China.

Para manter o apelo do público e conquistar novos clientes, a companhia também aposta em formatos alternativos de lojas, assim como busca novos tipos de produtos para incrementar e diversificar sua oferta, e segue implementando o drive-thru, que vem crescendo ano após ano. Em relação aos novos tipos de produtos, a companhia segue investindo e lançando produtos à base de plantas, como por exemplo, no seu menu de café da manhã.

Nos últimos anos, a companhia corrigiu um problema que assola muitos fastfoods e que causava grandes gastos a ela: a alta rotatividade de mão de obra. Com diversos benefícios, como seguros, ajuda com 100% de cobertura nas mensalidades na universidade de Arizona e salários mais altos até para funcionários que trabalham 20 horas semanais, o Starbucks reduziu em 65% sua rotatividade e ganhou qualidade nos serviços e economia nos gastos com o pessoal, já que a rotatividade alta é acompanhada de um custo elevado.

A questão educacional da cobertura de mensalidades é bem relevante, já que segundo o departamento de educação dos Estados Unidos, apenas metade dos americanos que ingressam na universidade conseguem concluí-la e os abandonos, na maioria das vezes, são justamente devido a problemas financeiros ou profissionais.

Dito isso, vamos agora conhecer os segmentos em que são divididas as operações do Starbucks:

  • Américas, que inclui Estados Unidos, Canadá e América Latina;
  • Internacional, que compreende a China, Japão, Ásia-Pacífico, Europa, Oriente Médio e África;
  • Desenvolvimento de Canais.

As receitas dos segmentos operacionais do total gerado no exercício fiscal de 2019 foram as seguintes: Américas representaram 69%, Internacional 23% e Desenvolvimento de Canais com 8% do total de receitas.

Os segmentos Américas e Internacional incluem lojas licenciadas e operadas pela empresa, sendo o Américas o negócio mais maduro e com maior escala. Já as operações internacionais possuem diversos estágios de desenvolvimento e algumas regiões estão passando por transformações em seus modelos de negócios.

O segmento de Desenvolvimento de Canais inclui grãos de café torrados e moídos, Seattle’s Best Coffee®, as marcas Starbucks e Teavana, uma variedade de bebidas prontas, como Frappuccino®, Starbucks Doubleshot®, Starbucks Refreshers®, entre outros produtos de marcas próprias vendidos em todo o mundo fora das lojas licenciadas e operadas pela empresa.

Tradicionalmente, esses produtos são vendidos de forma direta a supermercados, em lojas especializadas e através de empresas de serviços alimentícios.

Como a maior parte das receitas são geradas a partir dos estabelecimentos, segue abaixo a relação das lojas operadas pela empresa e licenciadas até 29 de setembro de 2019:

Fonte: Starbucks

Lojas operadas pela empresa

A receita das lojas operadas pela empresa representou 81% da receita líquida total durante o ano fiscal de 2019. O objetivo da companhia é ser a principal varejista e marca de café e chá em cada mercado que está presente, vendendo café, chá e produtos relacionados de grande qualidade, além de ofertar alimentos complementares e propiciar aos clientes uma experiência Starbucks exclusiva.

Segue abaixo a relação das localidades das lojas operadas pela empresa em 2019:

Fonte: Starbucks

Vale ressaltar que as lojas operadas pela empresa normalmente estão localizadas em lugares de alto tráfego e visibilidade. A companhia também consegue diversificar o tamanho e formato das lojas, podendo, assim, se adaptar e estar presente em diversos ambientes.

Agora, segue abaixo a relação do mix de vendas por tipo de produto nas lojas operadas pela companhia:

Fonte: Starbucks

A companhia também oferece o Starbucks Card, programa de cartões projetados para fornecer aos clientes benefícios e aumentar a frequência de consumo, através do programa de fidelidade Starbucks® Rewards. Os cartões podem ser obtidos nas lojas licenciadas e operadas pela empresa na América do Norte, China, Japão e em diversos outros mercados do segmento Internacional.

Lojas Licenciadas

As receitas das lojas licenciadas foram de 11% da receita líquida total no ano fiscal de 2019. Essas lojas possuem margem bruta mais baixa, mas com uma maior margem operacional se comparadas às lojas operadas pela empresa. No modelo licenciado, o Starbucks recebe os royalties sobre as vendas, a taxa de licenciamento e ainda a receita com os produtos de marcas próprias que são comprados por essas lojas.

Em alguns mercados internacionais, também é usado o modelo de franquias tradicionais e essas lojas estão incluídas nos resultados das operações de outras lojas licenciadas.

Seguem abaixo os dados das lojas licenciadas em 2019:

Fonte: Starbucks

Outras Receitas

As outras receitas são registradas em grande parte no segmento de Desenvolvimento de Canais e contemplam vendas de café embalado, chá e bebidas prontas para clientes fora das lojas licenciadas e operadas pela empresa.

Agora, vamos ver o resumo abaixo com a evolução das receitas nas lojas operadas pela companhia, nas licenciadas e em outras receitas:

Fonte: Starbucks

Embora o café seja uma commodity negociada geralmente a preço de mercado, o café arábica de alta altitude, da qualidade que o Starbucks busca, tende a ser negociado com um prêmio e possui uma maior volatilidade. Assim como o preço da mercadoria, o prêmio também varia com a oferta e a demanda no momento da compra.

Essas variações tanto no preço quanto na oferta, podem ser afetadas por diversos fatores, como o clima, desastres naturais, aumento geral dos insumos agrícolas e custos de produção, níveis de estoque e condições políticas e econômicas.

Dependendo das condições de mercado, o Starbucks utiliza contratos a termo e futuros para se proteger das flutuações do mercado.

A companhia também comercializa outros produtos, que incluem chá e várias bebidas prontas que são compradas de diversos fornecedores especializados, normalmente com contratos de fornecimento de longo prazo. Já produtos como doces, sanduíches e itens de almoço, são comprados de fontes nacionais, regionais e locais.

Vamos agora falar do ambiente competitivo na operação do Starbucks.

Os principais concorrentes da companhia na venda de bebidas à base de café são as cafeterias especializadas. Porém, podemos considerar lanchonetes e fastfoods também como concorrentes e que geram uma disputa por clientes em determinadas regiões, principalmente se os estabelecimentos forem próximos um do outro.

Já os produtos de café e chá do segmento de Desenvolvimento de Canais, competem diretamente com os cafés e chás especiais vendidos em supermercados, varejistas especializados e lojas de conveniência, e competem indiretamente com todos os outros cafés e chás do mercado.

Além do risco relacionado à concorrência, o Starbucks está suscetível às incertezas presentes nas operações de lojas licenciadas e franqueadas, em que os responsáveis por esses estabelecimentos podem não conseguir replicar ou venham a ter alguma falha na operação que comprometa os resultados e a reputação da empresa. Esses riscos podem ser maiores em lojas licenciadas, mas estão presentes também nas lojas próprias, já que o número de lojas de controle próprio é bem alto e, consequentemente, mais difícil de comandar.

Para os clientes, não faz diferença se estão comprando em uma loja licenciada ou não, eles vão sempre querer que a qualidade esteja em alto nível.

A companhia também está sujeita aos riscos relacionados aos países em que se encontra. Uma crise econômica, com aumento do desemprego e inflação, por exemplo, pode causar queda nas receitas da empresa.

Além disso, segundo o departamento de agricultura dos EUA, é prevista uma queda no consumo global de café em 2021 pela primeira vez desde 2011. Nesse ano, está sendo também registrado um baixo consumo de café devido ao fechamento dos escritórios e ao menor trânsito registrado, explicados pela pandemia do coronavírus.

O Starbucks ainda é altamente dependente do segmento Américas, que representou aproximadamente 69% da receita total. No segmento, o país que mais se destaca são os Estados Unidos, e qualquer mudança no hábito dos clientes ou no mercado, também traria efeitos negativos nos resultados da empresa.

Em relação ao seu preço, hoje o Starbucks é negociado a P/L de 26, com EV/EBITDA de 20, demonstrando que os investidores esperam um bom crescimento da empresa no futuro. Por isso, a companhia depende principalmente do segmento internacional para atingir esse objetivo, já que nele estão contidos os mercados que possuem os maiores upsides, tanto em função do crescimento dos próprios países quanto em relação ao aumento no número de lojas.

Para terminar, podemos observar com o texto o real tamanho da companhia, que inclusive, possui mais lojas nos Estados Unidos que o McDonald’s, que hoje possui “apenas” 13.837 estabelecimentos no país.

Esse foi mais um texto da série “Apresentando ações estrangeiras”.

E aí, gostou do Starbucks? Investiria na empresa?

Em breve teremos análises completas tanto do Starbucks quanto de outras empresas listadas no exterior.

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Abraços e bons investimentos,

Raphael Rocha.

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