Insight Internacional: Apple sobe mais de 80% em apenas 6 meses. Vale a pena comprar?

Na semana retrasada a Apple chegou à marca de US$ 2 trilhões de valor de mercado. Nos últimos dias, alguns analistas estavam comparando esse valor de mercado com o PIB do Brasil, enfatizando essa elevada capitalização de mercado. Mas isso não acontece apenas com o Brasil. No ranking dos maiores PIBs do mundo, com seu valor de mercado, a Apple estaria na oitava colocação.

Esse crescimento se deu principalmente após a publicação dos resultados referentes ao 2T20, em que a companhia registrou um crescimento de 11% nas receitas, enquanto o consenso de mercado era uma queda de 2%. Essa melhora veio muito por causa dos serviços, que cresceram 17%, e das vendas de iPad e Mac, que subiram 31% e 22%, respectivamente.

Por toda sua participação nas receitas, a venda de iPhone também contribuiu bastante, mesmo com um crescimento mais tímido, de “apenas” 2%. Isso tudo durante o auge da pandemia.

Na segunda, dia 31 de agosto, as ações da Apple sofreram um desdobramento, isto é, o número de ações aumentou e o preço diminuiu, justamente para aumentar a liquidez do papel, ainda mais após essas altas subidas no preço.

Mas, vou pegar o gráfico do dia anterior a esse desdobramento, para acompanharmos essa evolução da cotação:

Fonte: GF

Repare que no início do ano as ações estavam acima dos US$ 300 e, na grande queda, em razão do coronavírus, chegou a bater US$ 225. Após isso, a ação não parou de subir e, após a divulgação do resultado do 2T20, chegou à marca dos US$ 500 dólares.

Apenas nesse ano, a ação valorizou mais de 70%.

Além disso, seu índice P/L estava acima de 38 e o Preço/Receita superior a 8. Apenas com esses dados, nós já conseguimos imaginar que o mercado espera um alto crescimento dos resultados nos próximos anos.

Mas isso fica um pouco vago. Vou trazer aqui, para a discussão, qual o histórico desses índices, para podermos fazer uma comparação com o passado da companhia.

Fonte: GF

O que podemos tirar desse gráfico?

Em relação ao P/L, podemos ver que apenas em 2007 a Apple apresentou um índice tão alto como o atual.

Em junho de 2007 foi lançado o primeiro iPhone e, após isso, as ações também registraram um bom crescimento, esperando um aumento dos resultados no futuro, que hoje vemos que aconteceram.

Podemos concluir, com base apenas nesse índice, que o mercado espera um novo crescimento alto das receitas da Apple. O único problema é que agora a receita anual é de US$ 260 bilhões, valor que não é tão simples assim de ter aumentos expressivos.

Podemos considerar que os iPhones, por exemplo, possuem hoje uma maior durabilidade em relação ao passado, fazendo com que as pessoas troquem menos de celular atualmente. Mas claro que se isso não acontecesse, a Apple correria um risco grande de perder clientes.

Indo agora para o Preço/Receita, é possível identificar que nem em 2007 o índice ficou tão alto.

Fonte: GF

E o que isso quer dizer?

Significa que, hoje, se comparada ao preço, a receita é menor do que naquela época. Mesmo com toda a empolgação com o novo produto, com lançamento de um smartphone que viraria, anos depois, referência no segmento, a Apple não estava tão cara, a partir desta métrica, em relação aos dias atuais.

No início do texto, eu disse que o preço da ação da Apple subiu mais de 70% no ano. Agora, quero fazer um outro exercício.

Se olharmos apenas nos últimos 6 meses, esse preço subiu 82%. Olhando também para outras empresas de tecnologia, o Facebook cresceu 54%, o Google 24% e a Amazon 80%, todos no mesmo período de 6 meses.

Já que a Amazon é o par com a valorização no preço mais parecida, vamos então comparar as receitas nos últimos períodos, para observarmos se também está nos mesmos patamares de crescimento:

APPLE

AMAZON

 

Fonte: GF

Olhando desde 2017, podemos ver que a Apple até apresentava um crescimento legal em suas receitas, mas que foi caindo com o passar dos períodos e só foi bem, realmente, neste último trimestre e no fim de 2019.

Já a Amazon, apresentou crescimentos bem maiores, na maioria das vezes com mais de 20%, e nesse último período, o aumento foi de 40%.

Além das receitas da Apple não estarem crescendo tanto, a margem operacional também já não é a mesma de períodos passados:

Fonte: GF

Todas essas métricas sustentam a tese de que, na minha opinião, as ações tiveram um crescimento que não corresponde com a racionalidade e se prevê um crescimento de receitas que dificilmente chegará, com as atuais circunstâncias.

Além disso, gostaria de pontuar dois fatores que podem ser negativos para a Apple no futuro:

O primeiro é que os Estados Unidos estão criando uma série de dificuldades com empresas chinesas no território norte-americano, como o TikTok e WeChat, por exemplo.

Caso a China queira retaliar alguma empresa norte-americana para servir como resposta, há possibilidades dessa companhia ser a Apple, já que, por exemplo, Facebook e Google, possuem operações inexpressivas na China, ao contrário da Apple, que possui 15% de suas receitas provenientes desse país.

O segundo possível problema para a Apple são as recentes acusações de empresas que fizeram com que fosse aberta uma série de investigações em processos antitruste, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, contra a Apple.

Os desenvolvedores de aplicativos são obrigados a destinar 30% de suas receitas em dispositivos da Apple para a companhia, e não é permitido o uso de outras lojas em seus aparelhos, o que acaba acarretando custos mais altos para essas empresas. O Google, através do Android, por exemplo, permite o uso de outras lojas.

Caso a companhia tenha resultados adversos nessa série de processos, seus resultados futuros também irão diminuir, o que levaria a uma queda no preço de suas ações.

É claro que estamos falando de uma grande empresa, com bons resultados e vantagens competitivas. Mas o preço importa e, aqui, ele está alto demais.

Na nossa carteira internacional, nós não recomendamos a empresa, devido ao seu preço elevado. Nossa carteira foi lançada no dia 20 de agosto e possui mais de 30 ativos diferentes com recomendação. Clique aqui para conhecer.

E você? O que acha da Apple? Tem posição na empresa?

Abraços e bons investimentos,

Raphael Rocha.

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