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IPOs e Recompras: Os Reloginhos do Mercado

No mundo dos investimentos, sempre há uma máxima: quem conhece melhor o negócio, leva vantagem. E ninguém conhece melhor uma empresa do que seus próprios donos. A questão é: quando eles estão vendendo participação via IPOs ou recomprando ações, o que isso nos diz sobre o mercado?

Os dados são claros: nos últimos três anos, não tivemos nenhum IPO na bolsa brasileira, enquanto os programas de recompra dispararam, batendo recorde em 2024. Essa relação inversa é um reflexo direto da percepção dos próprios empresários sobre suas empresas e o preço de suas ações. Quer entender por quê?

Imagine que você é dono de uma empresa e quer vender parte dela. Você venderia quando o preço está baixo ou quando está inflado pelo otimismo do mercado? A resposta é óbvia: você quer vender o mais caro possível.

Nos anos de euforia do mercado, vemos um boom de IPOs. Em 2007, foram 64. Em 2021, 57. O que esses períodos têm em comum? Valorização excessiva, investidores otimistas e múltiplos elevados. Empresas e seus donos aproveitam essa janela para abrir capital e vender participações a preços altos. Afinal, se o mercado está eufórico e disposto a pagar caro, por que não realizar o lucro?

O resultado? Logo depois desses ciclos de IPOs, o mercado normalmente passa por uma correção. Quem comprou caro vê seus investimentos perderem valor. Enquanto isso, os empresários que venderam suas participações saem no lucro.

Agora, olhe para os últimos três anos. Nenhum IPO. Nenhuma empresa quis vender participação. Por quê? Porque os preços não estão convidativos para vender caro. Em vez disso, o que os empresários estão fazendo? Recomprando ações.

Se a própria empresa acredita que está barata, por que não comprar sua própria participação a preços baixos?

O recorde de recompras em 2024 nos diz exatamente isso: os donos das empresas não veem sentido em vender barato. Eles preferem aumentar sua fatia nos negócios antes que o mercado perceba a pechincha.

IPOs e Recom­pras: O Ciclo da Bolsa

Se olharmos historicamente, IPOs e recompras se comportam como um relógio do mercado:

Bull Market (preços altos)

  • Muitas aberturas de capital (IPOs)
  • Fundos captando
  • Juros em queda
  • Endividamento e investimentos subindo
  • Múltiplos (P/L, P/VP, etc.) altos
  • Euforia: “Quem não tem bolsa é louco”

Bear Market (preços baixos)

  • Fechamentos de capital (OPAs)
  • Fundos tendo resgates
  • Juros altos
  • Endividamento e investimentos caindo
  • Múltiplos (P/L, P/VP, etc.) baixos
  • Pessimismo: “Fuja para o CDI”

Os últimos três anos mostraram que estamos em um mercado de baixa. Empresas não estão vendendo participação porque sabem que os preços não são vantajosos. Pelo contrário, estão recomprando.

Para o investidor, essa pode ser uma excelente oportunidade. Afinal, se até os próprios donos de empresa estão recomprando suas ações, talvez seja um bom sinal de que os preços estão interessantes para quem pensa no longo prazo.

Mas cuidado: como sempre, mercado é risco. Nem toda empresa que recompra suas ações está barata de verdade. Às vezes, gestores fazem isso para inflar artificialmente preços ou melhorar indicadores financeiros. A análise fundamentalista continua sendo essencial.

Conclusão: Aproveite os Ciclos do Mercado

A história do mercado de capitais se repete. Quando IPOs desaparecem e recompras disparam, estamos em um período de depressão do mercado, mas que pode oferecer boas oportunidades. Já quando os IPOs voltam com força, talvez seja hora de olhar com mais ceticismo para o otimismo exagerado.

Grande abraço,

João Pedro Mello

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