Nos últimos dias, uma manchete me chamou atenção. Segundo o noticiário, Luiz Barsi Filho, o maior investidor pessoa física da bolsa brasileira afirmou em um podcast que a varejista Magazine Luiza (MGLU3) irá quebrar.
Esse comentário repercutiu por todos os veículos de mídia do mercado e, é claro, gerou polêmica entre os investidores. Mas, a questão é a seguinte: será que o Barsi está certo? Ou foi uma afirmação equivocada?
É inegável que o Barsi tem uma vasta experiência e acumula resultados expressivos com investimentos em ações da bolsa de valores. Diante disso, antes de discutirmos sobre a Magalu e a observação do Barsi, é preciso entender o que está por trás do pensamento do bilionário. Afinal, não adianta nos prendermos às manchetes, pois sabemos que ao fazer isso, existe margem para interpretações errôneas de um acontecimento.
Enfim, fui atrás do podcast para compreender como o contexto tinha se desenrolado e o que Barsi tinha utilizado como argumento quando falou sobre a varejista.
O primeiro ponto citado por ele foi o histórico de empresas do setor de Varejo que, no decorrer dos últimos anos, vieram à falência. De fato, Barsi tem um ponto. Quando pensamos em varejistas, realmente, a estatística nos informa que a probabilidade de um negócio do setor sobreviver no Brasil no longo prazo é bem baixa. Alguns exemplos de grandes varejistas que faliram nos últimos anos:
- Mesbla
- Lojas Arapuã
- Mappin
- Sears
- Lojas Brasileiras
- Ultralar
O segundo ponto que foi ressaltado sobre o setor é sobre a inflação brasileira e os prazos de pagamento do cliente das varejistas. Historicamente, a inflação do Brasil foi muito violenta, ou seja, durante curtos períodos de tempo, o real (R$) se desvalorizou de forma relativamente abrupta. Em paralelo, por conta da inflação e mais alguns pontos educacionais ou culturais, a população brasileira também possui um histórico considerável de alto endividamento e baixo poder de consumo.
Tendo em vista os últimos elementos, você deve imaginar que para estimular um brasileiro a comprar no varejo é preciso oferecer uma série de condições especiais, tais como: descontos, parcelamentos sem juros, dentre outros. E esse é o grande problema. Se a inflação é muito forte e a maioria dos produtos é pago em parcelas, ao final do prazo de pagamento, o custo do produto já subiu muito e, assim, a margem de lucro da empresa fica bem comprimida.
Por fim, vou acrescentar ainda mais um ponto para reforçar a afirmação do Barsi…
Quando pensamos no varejo, precisamos saber que o cliente possui um grande poder de barganha. Isso ocorre devido à similaridade dos produtos vendidos pelas varejistas. Por exemplo:
Se você deseja comprar uma geladeira nova da Brastemp, você vai procurar pela sua loja favorita ou pelo melhor preço? Acredito que pelo melhor preço, né? Eu também.
Então, se na Magalu estiver custando R$ 3.500, nas Casas Bahia R$ 3.800 e na Ricardo Eletro R$ 3.000, você comprará na Ricardo Eletro, não é? E por quê isso? Porque o produto é o mesmo!
Desse modo, essas empresas tendem a se submeter ao que chamamos de “guerra de preços” e essa guerra é bastante sangrenta. As varejistas lutam para conseguir o melhor preço possível, pois elas sabem que é isso que o cliente quer e é isso que fará ele escolher comprar na sua loja e não no concorrente.
Todos esses pontos ressaltados acima tendem a ser muito prejudiciais para as companhias do setor. Adicionalmente, todos também contribuem para que elas não sobrevivam no longo prazo. A inflação violenta, as condições especiais de pagamento e a guerra de preços são muito duras de serem sustentadas.
Portanto, não, a afirmação do Barsi não foi equivocada e ela tem muito fundamento por trás.
Se quiser investir em uma varejista, não se esqueça de todo o conteúdo descrito neste artigo. Ok?
Grande abraço e bons investimentos,
João Pedro Mello
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