Na semana passada eu fiz um texto abordando sobre eventuais mudanças no setor de transporte após a pandemia do coronavírus. Clique aqui se você não leu.
Sei que o coronavírus ainda é uma realidade em nossas vidas. Na última sexta-feira o Ibovespa fechou em queda de 4,90%, por causa ainda do pânico quanto à pandemia.
Nós acreditamos nos investimentos de longo prazo, e como acreditamos que o mundo não vai acabar, estamos projetando as mudanças que irão acontecer no mundo quando toda essa pandemia chegar ao fim.
Entendemos também que o coronavírus trará não só efeitos na economia, como também no comportamento das pessoas.
Portanto, hoje vou falar sobre outro setor importantíssimo em nosso país e no mundo: a educação.
Vou começar falando sobre a educação superior.
Todos sabemos que o FIES está sendo reduzido pelo Governo e é esperado pra esse ano cerca de 100 mil contratos. Em 2021 e 2022 este número chegará a 54 mil, lembrando que o programa já chegou a ofertar mais de 700 mil contratos.
Dito isso, é claro que as instituições buscarão oferecer e melhorar cada vez mais seus próprios programas de financiamento, pra não perder ainda mais clientes. No cenário pós-pandemia, a procura por esses financiamentos irá aumentar ainda mais, mesmo que ainda não saibamos as reais consequências dessa crise.
Mas certamente mais pessoas precisarão dessa ajuda pra fazerem seus cursos, visto que a economia vai passar por momentos de apertos.
Esses apertos devem levar a uma maior inadimplência e uma maior taxa de evasão nas instituições de ensino superior.
Além disso, o prazo médio de recebimento, que já aumentou, principalmente por causa do FIES, deve sofrer ainda mais aumentos, devido à dificuldade no cumprimento das obrigações financeiras dos clientes.
E por causa desses aumentos, principalmente as companhias que têm problemas com caixa deverão ir ao mercado buscar empréstimos para contornar essa situação, que dependendo do volume e das taxas, podem levar a um cenário ainda pior.
O ensino à distância também será uma realidade cada vez mais presente. No momento, os estudantes já estão assistindo aulas por essa modalidade, já que as aulas presenciais estão suspensas, e pode ser que isso se torne um costume, pois possui alguns benefícios, como ganho de tempo e custos menores, tanto na mensalidade como de deslocamento.
Claro que muitas pessoas ainda não possuem acesso à internet ou tem dificuldades com a tecnologia, mas essa pandemia também pode acelerar esse desenvolvimento, pois se tornará uma necessidade.
Além disso, muitas instituições possuem um modelo híbrido, que engloba tanto aulas presenciais como à distância, que também tem grandes chances de ter maiores forças.
E isso tudo vai levar a uma oferta cada vez melhor de aulas online, já que as instituições, percebendo essa demanda, procurarão oferecer uma experiência cada vez mais diferenciada para os usuários.
Imaginemos agora que a crise seja maior que o esperado: é possível que essas instituições tenham mais alunos no médio prazo? No Brasil, há milhões de autônomos que estão sofrendo com o isolamento e podem vir a falir com seus negócios. É possível que eles passem a procurar uma maior especialização pra se recolocar no mercado de trabalho? Ou então, com a crise, o impacto maior será de pessoas que deixarão seus cursos, pois não possuem mais dinheiro para pagar?
Essas são perguntas que todo investidor tem que se fazer.
Mudando um pouco agora de faixa etária, vamos para os mais jovens.
É possível que os ensinos médio e fundamental também tenham aulas à distância? Essa mudança de comportamento também pode chegar aos mais novos?
Primeiro de tudo: você botaria seu filho(a) em um ensino assim?
No exterior, essa prática já é mais difundida. Aqui no Brasil ainda existem muitas resistências.
As principais reclamações são que as crianças e adolescentes necessitam de maior convívio social, de aprendizado, pra ter um perfil de mais liderança e de uma cobrança maior em relação aos estudos.
Pra estudar de casa precisa de muita disciplina.
Mas lembra que eu falei que os ambientes de ensino à distância devem melhorar nos próximos anos? Isso pode chegar também nas camadas mais jovens. Essa é uma questão mais complicada, que envolve até legislação.
Será que há demanda para isso?
Grandes empresas de educação do Brasil estão listadas em bolsa, inclusive fiz análises da Yduqs na semana passada e sairá em breve a análise da Ser Educacional.
E pra você, quais serão os impactos da pandemia na educação?
Nós, do Dica de Hoje Research, trazemos análises e relatórios diários para você. Clique aqui e conheça nossas carteiras.
Abraços e bons investimentos,
Raphael Rocha