Agosto começou com o mercado financeiro refletindo as decisões do FED (Federal Reserve), Banco Central dos Estados Unidos, e no Brasil,do Copom (Comitê de Política Monetária).
Na última quarta-feira, essas duas instituições se comportaram como esperavam os mercados ao reduzir as taxas de juros em 0,25% e 0,50%, respectivamente, embora também tivessem algumas especulações cogitando uma queda menor da taxa Selic.
No entanto, temos que levar em consideração que enquanto Jerome Powell não conseguiu expressar se o corte daria início a um ciclo de queda nos Estados Unidos, o comunicado do Copom não deixou dúvidas de que estaríamos dando início a um novo ciclo de cortes na taxa de juros, ao dizer que o atual cenário econômico permitiria “ajuste adicional no grau de estímulo”.
Taxa Selic para o segundo semestre
Ao que tudo indica, a taxa Selic deve cair ainda mais em 2019, após alcançar a mínima histórica de 6,0% ao final da reunião de julho.
Dessa maneira, agosto começou com otimismo na bolsa brasileira, apesar da forte queda da Vale, que impediu uma alta maior. A valorização da bolsa foi fomentada principalmente pelas ações de empresas do setor de consumo e aquelas com investimentos intensivos de capital, pois tudo indica que os juros baixos no Brasil vieram para ficar. VVAR3 e MGLU3 tiveram altas superiores a 5%, enquanto GOLL3 subiu mais de 6%.
Taxas de juros
O Real pode se desvalorizar frente ao dólar, se os juros norte-americanos não continuarem caindo e a taxa básica brasileira sofrer cortes progressivos, pois a atratividade no diferencial entre as taxas de juros no Brasil frente ao praticado no exterior tende a ser menor.
Essas reduções das taxas de juros possuem o mesmo sentido?
As reduções das taxas de juros estão no mesmo padrão, ou seja, mesmo movimento internacional. Mais de 20 bancos centrais importantes ao redor do mundo estão também fazendo corte nas taxa de juros, sendo um movimento internacional que responde a fatos econômicos.
Um dos fatos principais é a desaceleração do crescimento, sendo que em alguns países, como a Alemanha, já há desaceleração, e em outros países, como os Estados Unidos, há uma expectativa de não continuidade do atual ritmo de crescimento, sendo que, por esse motivo, o Fed reduziu os juros para agir preventivamente.
Últimas notícias
No entanto, no Twitter, Trump disse que Powell, “como de costume, decepcionou” e “Eu certamente não estou recebendo muita ajuda do Federal Reserve!”. O que o presidente norte-americano e o mercado queriam ouvir era que seria o início de um “longo e agressivo” corte de juros, como já ocorre na China, na União Europeia e em outros países ao redor do mundo.
O fato foi que Powell deu diversas declarações confusas sobre a continuidade da redução. Na entrevista coletiva, o presidente do FED afirmou que a decisão de cortar os juros seria apenas um “ajuste” no meio de um ciclo de política monetária e não sinaliza o início de um processo de afrouxamento.
Essa declaração foi interpretada como um sinal de que não terão novas reduções no curto prazo, esfriando os ânimos dos investidores e do presidente Donald Trump, que gostariam que os juros nos EUA se tornassem menores progressivamente.
Crescimento do PIB
Já a decisão do Copom em reduzir as taxas de juros, mostra que o Brasil está em congruência com o modo internacional, tendo inflação muito baixa, expectativa de IPCA abaixo de 4% e quiçá 3,5%, além de crescimento mundial moderado e fraco. No Brasil, a expectativa de crescimento do PIB é de 0,82% para 2019, segundo o Boletim Focus.
Apesar de ser um número pequeno (0,50%) de corte das taxas de juros, esta é uma importante notícia, pois indica mais agressividade na redução de juros. Como a inflação está ancorada e a expectativa de inflação, como citado anteriormente, está em níveis reduzidos, o comunicado do Copom trouxe uma sinalização de continuidade de cortes, com alguns economistas alegando que irá chegar a 5%.
É um momento muito importante para a economia brasileira porque ela está alinhada com o que acontece no mundo, sendo um processo de normalização da economia brasileira, deixando de ocupar uma posição de destaque entre os campeões mundiais de juros, como no período Dilma Roussef.
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Governo Meirelles
O controle de gastos públicos e a política monetária estão caminhando na mesma direção. Como mencionei acima, no período de Dilma Roussef houve uma tentativa de redução forçada de juros, mas ao mesmo tempo aumentaram-se os gastos públicos e houve um forte estímulo para que os bancos públicos tomassem mais dívidas, o que não funcionou quanto à redução de juros, pois a inflação subiu.
A política econômica, conservadora desde a presença de Meirelles no governo Temer, para o controle das contas públicas, e agora a gestão de Paulo Guedes, continuando o corte de gastos e a busca pelo superávit primário nas contas públicas há alguns anos, contribuem para este cenário benigno.
Reforma da Previdência
Com a provável aprovação da reforma da previdência, essa política aponta numa direção para um déficit público menor, ou seja, dívida pública sendo controlada e ao mesmo tempo inflação baixa.
Sendo assim, há um ambiente muito favorável para a economia no Brasil devido a essa boa combinação da redução real dos juros, com reforma da previdência, controle dos gastos públicos e privatizações.
E como ficam os seus investimentos?
Com os juros voltando a cair, o melhor caminho para o investidor é diversificar as aplicações. Ganham todas as aplicações que possuem algum tipo de rendimento real, como por exemplo, os fundos imobiliários, as ações que pagam bons rendimentos e os papéis de longo prazo do tesouro direto.
Juros em queda devem animar ainda que lentamente os mercados de imóveis e também as commodities, como o ouro.
No entanto, juros em queda diminuem os rendimentos das aplicações conservadoras – poupança, tesouro taxa Selic, fundos DI, CDBs – que estão sendo abandonados até mesmo pelos investidores conservadores, para buscarem rendimentos maiores.
Quem tem perfil mais conservador e não está disposto a correr os riscos do mercado de renda variável, deve dar preferência aos títulos de renda fixa prefixados ou corrigidos pela inflação, para compensar a tendência de novas quedas dos juros no futuro.
O processo de corte de juros deve durar muitos meses e irá permitir ganhos interessantes para quem souber surfar essa onda corretamente, sabendo a hora de entrar e não exagerar com as manobras mais arriscadas, e os fundos de crédito privado podem ser uma boa alternativa para esse momento.
Copom
O Copom reduziu ontem 0,50% da taxa de juros, mas a taxa Selic já vem passando por um ciclo de queda contínuo nos últimos dois anos – em 2016 essa mesma ataxa Selic chegou a 14,25%. Sendo assim, juros baixos significam maior demanda e, portanto, maior crescimento econômico.
Como o cenário ficou mais claro, vale a pena você rever a sua carteira de investimentos para que o seu dinheiro consiga render de verdade.
Mesmo a renda fixa tradicional sendo afetada negativamente por esses cortes, ainda é possível alcançar retornos maiores que o CDI. Na área de Membros, clique aqui, temos uma área de Fundos de Investimentos com uma carteira conservadora para quem tem esse perfil. A carteira Z Light.
Fundos de Investimentos
Alguns desses fundos são fundos de investimento em crédito privado, ou seja, possuem dívidas de empresas que emitem esses títulos de renda fixa para financiarem seus projetos.
Entre os principais títulos de crédito privado estão os certificados de recebíveis, como CRI e CRA, as debêntures e as notas promissórias.
O crédito privado é um título de renda fixa que pode ser pré ou pós-fixado e é diretamente beneficiado pelo corte da taxa de juros, pois é constituído por empresas do setor real da economia que o emitem.
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Esses títulos não são padronizados e podem ter características interessantes, como por exemplo, as debêntures conversíveis. Se não houver o pagamento da dívida, há a opção de converter seu investimento em ações da empresa no final, passando a ser um sócio da empresa que financiou. Assim, o BNDES virou sócio da Marfrig em 2012, por exemplo, com mais de 30% do seu capital social.
Há também as debêntures incentivadas, que são títulos que o governo estimula que sejam adquiridos com a isenção de IR para pessoas físicas.
Essas debêntures são emitidas por empresas de infraestrutura. Como somos um país carente de infraestrutura, as debêntures são uma forma que o governo encontrou de incentivar a captação de recursos para financiar essas obras. Ganha a empresa, que capta com o custo menor, e ganha o investidor, que não é tributado.
Os fundos de investimentos em crédito privado têm de investir pelo menos 50% do seu patrimônio líquido em títulos de crédito privados, segundo as regras da CVM.
Então, a queda das taxas de juros pode ser muito benéfica para você como investidor, se você estiver investindo nos ativos corretos.
Debora Toledo
Revisão de Texto: MarcielMontalvane