Estratégias para manter a segurança financeira mesmo diante de imprevistos
Fala, pessoal!
Semana passada falei aqui sobre o impacto que uma separação – como a da Virgínia e do Zé Felipe – pode ter sobre o patrimônio. Mostrei os tipos de regimes de bens e como essa escolha, feita lá no início da relação, pode definir todo o destino do seu patrimônio em caso de ruptura.
Mas se você acha que proteção patrimonial se resume a um contrato de casamento, tenho uma notícia: vai muito além disso.
Hoje, quero falar com vocês sobre estratégias que verdadeiramente blindam os ativos de uma família. São ferramentas jurídicas e financeiras que fazem parte do dia a dia de quem planeja o longo prazo – especialmente quem empreende, acumula patrimônio ou simplesmente não quer colocar tudo a perder por um imprevisto.
- Holding familiar: organização e proteção em uma estrutura jurídica
A holding patrimonial é uma empresa criada para concentrar e administrar o patrimônio de uma pessoa ou família. Você transfere imóveis, participações societárias e outros ativos para a holding e, em vez de ter esses bens em seu nome, passa a controlá-los por meio de cotas dessa empresa.
Quais as vantagens?
- Proteção contra litígios (como divórcios ou ações trabalhistas).
- Planejamento sucessório eficiente, com economia de ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação).
- Facilidade de gestão e distribuição de renda (lucros da holding).
Mas atenção: essa estrutura exige assessoria especializada (advogado, contador e planejador financeiro). Mal feita, pode custar caro.
- Seguro de vida com cláusula de incomunicabilidade
Sim, seguro de vida também é ferramenta de planejamento patrimonial.
Você pode, por exemplo, contratar um seguro com beneficiários definidos (filhos, cônjuge, pais) e incluir cláusulas que protegem o valor recebido de penhoras, inventários ou mesmo partilhas em divórcios.
Segundo matéria publicada pelo Infomoney, “seguros de vida com cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade são alternativas para proteção patrimonial e sucessória, com a vantagem de liquidez imediata em caso de sinistro”【Fonte: Infomoney, 2023】.
- Doação em vida com cláusulas restritivas
Outra ferramenta poderosa é a doação de bens em vida, com cláusulas que limitam o uso ou venda desses bens. É possível, por exemplo, doar um imóvel para um filho com cláusula de:
- Usufruto vitalício (você continua usando).
- Inalienabilidade (não pode ser vendido).
- Impenhorabilidade e incomunicabilidade (não entra em divisão em caso de casamento ou dívida).
Esse tipo de doação é registrada em cartório e precisa de planejamento fiscal – há incidência de ITCMD, que varia por estado.
- Planejamento sucessório e testamento
Falar sobre morte não é fácil, mas ignorar esse tema é abrir espaço para confusão, disputas e perdas patrimoniais. Um testamento bem feito, com o apoio de um advogado especializado, pode garantir que seus desejos sejam respeitados e que o patrimônio seja transmitido da forma mais eficiente possível.
Além disso, o planejamento pode envolver:
- Escolha de inventário extrajudicial (mais rápido e barato).
- Criação de cláusulas específicas para herdeiros.
- Previsão de governança familiar.
- Offshores e contas internacionais
Para quem tem patrimônio em moeda forte ou imóveis no exterior, estruturas internacionais também podem ser válidas para proteger ativos contra riscos locais, como instabilidade política ou câmbio.
Essas estratégias envolvem empresas offshore, trusts e contas bancárias no exterior. E sim, tudo isso pode ser feito de forma legal e transparente, com declaração na Receita Federal e recolhimento de tributos conforme a legislação.
Segundo o Banco Central do Brasil, as remessas internacionais com finalidade patrimonial, como manutenção de estudantes ou doações, são permitidas desde que registradas corretamente, com pagamento de IOF quando aplicável.
E por que tudo isso importa?
Porque ninguém constrói patrimônio para vê-lo escorrer pelos dedos.
Seja por um divórcio, um processo, um falecimento ou até uma crise familiar, os riscos existem – e o papel do planejamento financeiro é justamente minimizá-los.
Você não precisa ser bilionário como a Virgínia ou o Zé Felipe. Mas se você já acumulou alguma coisa, ou está no caminho para isso, vale parar para refletir:
Você tem uma estratégia de proteção patrimonial?
Sua família saberia o que fazer se algo acontecesse com você?
Seus bens estão seguros diante de uma eventual separação ou litígio?
Finalizando…
Planejar é um ato de cuidado. De proteção com quem a gente ama e com o que a gente conquistou. E proteger patrimônio não é paranoia – é responsabilidade.
Se você quer ajuda para organizar ou revisar sua estratégia, conte comigo.
Até a próxima!
Abraços,
Julia Priante – @julia.priante
Engenheira de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa, atua no mercado financeiro desde 2006. Com ampla experiência como Officer no Itaú Unibanco/Itaú BBA nos segmentos de Empresas, Nicho Imobiliário e Multinacionais. É Especialista em Investimentos (CEA) e Pós-graduada em Planejamento Financeiro. Auxilia famílias a alcançarem seus sonhos por meio de um planejamento financeiro estruturado e personalizado.
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