Na última semana tivemos uma notícia triste, o falecimento do pai da economia comportamental, Daniel Kahneman.
Kahneman é autor de ótimos livros, dentre os de maior destaque no mercado financeiro: “Rápido e Devagar” e “Ruído: uma falha no julgamento humano.”
Além disso, Daniel também foi ganhador de um Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2002 por conta do seu trabalho sobre julgamento e tomada de decisão.
De forma brilhante, o psicólogo e economista conseguiu unir o mercado financeiro à psicologia e explicar de forma super didática como nós, seres humanos, tomamos muitas decisões erradas devido a vieses cognitivos.
Sendo assim, em homenagem a vida de Daniel Kahneman, hoje vou te mostrar, na prática, alguns deles e como eles influenciam a sua tomada de decisão:
- Viés da disponibilidade: aquilo que está mais disponível é o que tem maior chance de acontecer novamente. Se ocorrer um acidente aéreo próximo a você ou com algum conhecido, é natural que você evite o transporte aéreo por algum tempo e prefira andar de ônibus ou carro.
Exemplo na bolsa de valores: já se passou um mês desde que as ações da bolsa estão em alta e todos ao seu redor estão ganhando dinheiro; a tendência é que você acredite que a bolsa é um lugar ótimo para ganhar dinheiro e que continuará subindo.
Na prática, isso não altera a realidade; a bolsa pode cair a qualquer momento, independentemente do que aconteceu nos últimos dias, semanas ou meses.
- Aversão à perda: a dor de perder é cerca de duas vezes maior do que o prazer de ganhar.
Na prática, se você fosse convidado a participar de um jogo de azar em que, ao perder, perderia R$1.000 e, ao ganhar, ganharia R$1.500, provavelmente não participaria. No entanto, se, nesse mesmo jogo, ao perder, perderia R$1.000, mas ao ganhar, ganharia R$2.500, provavelmente aceitaria.
Fonte: “A Beginners Guide to Irrational Behavior 2014” – Prof. Dan Ariely
Exemplo na bolsa de valores: dificuldade em aceitar as perdas em um investimento.
Na prática, ao manter um ativo ruim em sua carteira, você prejudica a rentabilidade total da mesma. É melhor se desfazer do ativo e aprender com o erro o mais rápido possível.
- Viés de confirmação: é a tendência de buscar, pesquisar, interpretar e até lembrar de informações que confirmem sua hipótese inicial ou crenças. O ser humano, por natureza, é teimoso e tem dificuldade em reconhecer seus próprios erros ou enganos. Por isso, é esperado que, quando temos opiniões fortes e pré-estabelecidas, procuramos reunir o máximo de argumentos e informações possíveis para tentar validá-las.
Exemplo na bolsa de valores: quando você se recusa a aceitar que sua tese de investimentos está errada e que cometeu um equívoco, então, busca evidências e informações para confirmar que pode estar certo.
Na prática, por mais que pesquise, se estiver errado, continuará errado e perdendo dinheiro. Além disso, persistir em investir mais no ativo pode acarretar em maiores perdas.
- Viés de ancoragem: um viés cognitivo muito utilizado em campanhas de marketing para fazer você acreditar que o preço de um determinado produto está barato apenas porque o outro está mais caro.
Um exemplo clássico são as promoções em que na etiqueta superior aparece um preço maior cortado e, na inferior, um preço menor em destaque.
Exemplo na bolsa de valores: uma ação que custava R$20 cai para R$10 e você acha que está barata porque já caiu 50%.
Na prática, isso não significa necessariamente que está barata; se a empresa piorou muito ou se a cotação estava esticada, mesmo após a queda de 50%, ela ainda pode estar cara.
Espero que tenham gostado e se esse tipo de conteúdo te interessou, recomendo procurar os livros de Daniel Kahneman “Rápido e Devagar” e “Ruído: uma falha no julgamento humano.”
Grande abraço,
João Pedro Mello
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