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Não confie nas reações de curto prazo do mercado

O tempo passou e já estamos em 2022. Desde 2020, passamos por grandes transformações. Hábitos, costumes e até nossa forma de pensar mudaram bastante nestes últimos dois anos de crise.

Embora, de fato, muitas coisas tenham mudado, em 2020, quando ainda não se sabia quais seriam os reais impactos da pandemia na vida das pessoas, praticamente tudo era alvo de especulação.

Alguns acreditavam que nunca mais deixaríamos de usar máscaras, que não frequentaríamos mais academias fechadas, não iríamos ao shopping, não iríamos ao comércio, não iríamos a restaurantes e por aí vai. Atualmente, pode até parecer bobagem, mas na época não era tão incomum pensar desta forma.

Além das exageradas previsões que víamos no dia a dia, no mercado financeiro a história não foi tão diferente. Com as incertezas quanto ao desenrolar da pandemia, presenciamos alguns dias de pânico generalizado nas bolsas de valores de todo o mundo.

 

Ainda que a queda das bolsas tenha marcado minha memória, um evento específico tão extraordinário realmente me fez entender, pela primeira vez, quão maníaco-depressivo o Sr. Mercado pode ser. Observe o gráfico e a manchete abaixo:

 Fonte: Investing.com

Fonte: SeuDinheiro

Não sei se você já estava no mercado nesta época e compreendeu as especulações que existiam acerca do barril de petróleo. Na época, cheguei a me deparar com previsões de que deixaríamos de utilizar o petróleo em pouco tempo, de que o petróleo seria logo substituído por outra fonte de energia, dentre outros.

Concordo, o petróleo não é uma fonte de energia renovável e suas reservas não são infinitas, no entanto, ainda teremos alguns bons anos até que elas acabem.

Em que situação poderíamos imaginar que o petróleo deixaria de ser usado de maneira tão repentina? O petróleo é uma das matérias-primas mais utilizadas no mundo e uma das fontes de energia mais utilizadas no mundo.

Já temos toda uma infraestrutura montada para distribuir os derivados do petróleo que são utilizados como combustível, o torque que estes geram na combustão é crucial quando pensamos em máquinas agrícolas, caminhões, aviões, navios, dentre outros. Em qual cenário seríamos capazes de alterar tudo isso em questão de meses?

Enfim, mesmo diante de todos esses fatores, vimos o reflexo que o avanço da COVID-19 teve na cotação do barril de petróleo. Mas, afinal, onde quero chegar?

Notamos que diversas especulações feitas em 2020 não se concretizaram. Os shoppings, os restaurantes, as academias e afins continuam sendo frequentados, já estamos andando sem máscaras e o petróleo continua sendo utilizado como uma das principais fontes de energia do mundo.

Investidores que foram capazes de pensar de maneira racional na época e confiaram em suas teses, com certeza, ganharam bastante dinheiro. Para conseguir aproveitar essas enormes assimetrias é preciso ter “pé no chão” e saber estipular limites entre a razão e a emoção.

Talvez esta seja uma das tarefas mais difíceis, mas acredito que nas próximas vezes que você se deparar com um acontecimento como o de 2020 sobre o barril de petróleo, você lembrará deste artigo.

Fez sentido?

Grande abraço e bons investimentos,

João Pedro Mello

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