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Se eu te perguntasse em 2002, o que faria sucesso hoje, qual seria teu percentual de acerto?

“Reclamar não é uma estratégia. Temos que lidar com o mundo tal como ele é, e não tal como gostaríamos que ele fosse.”

Vamos começar nossa conversa com um trecho clássico do livro Pai Rico Pai Pobre – KIYOSAKI:

“Há trezentos anos, a terra era riqueza, de modo que quem a possuísse possuía riqueza. Então, apareceram às fábricas e a produção e os Estados Unidos ascenderam ao domínio. Os  industriais eram donos da riqueza. Hoje é a informação. E a pessoa que tiver a informação na hora certa, terá a riqueza. O problema é que a informação voa em volta do mundo à velocidade da luz. A nova riqueza não fica restrita por limites e fronteiras, como ocorria com as fábricas. As mudanças serão mais aceleradas e dramáticas. Haverá um aumento impressionante de novos multimilionários. E haverá também os que ficam para trás. Atualmente, vejo tantas pessoas com dificuldade, trabalhando mais arduamente, simplesmente porque se agarram a velhas ideias. Querem que tudo seja como era antes, resistem à mudança. Conheço pessoas que estão perdendo seus empregos e suas casas, e culpam a tecnologia, ou a economia, ou o chefe. Infelizmente, elas não percebem que elas próprias podem ser o problema. Velhas idéias são seu maior passivo. É um passivo simplesmente porque não conseguem perceber que aquela ideia ou maneira de fazer alguma coisa, que era um ativo ontem, não existe mais.”

Qual o motivo para inciarmos nossa agradável conversa de todas as segundas-feiras com esse trecho?

Para te mostrar que desde sempre, quem não se adpata à mudança é engolido por ela.

Claro que existem exceções, afinal, como disse nosso grande Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”.

Esclarecido o ponto das exceções (tenho muitos leitores críticos), vamos falar sobre as primeiras palavras do trecho da obra, destacadas em negrito:

“Hoje é a informação”

Eu espero que tu saibas a importância da preservação e utilização dos dados para a economia dos países, que esteja informado de que as nações podem se sobressair e que muitos negócios podem não sobreviver devido a esses fatores; “os dados são o novo petróleo”.

Logo, reflita sobre isso: qual o valor dos dados dos consumidores hoje? Quanto as empresas investem para ter acesso a esses dados, para assim ter informações para traçar os parâmetros, ajustar os algorítmos que permitem “acertar” a promoção certa para o cliente certo? Ou ajustar a produção às plantas em momentos de queda de demanda? Ou trabalhar com tecnologia para operar uma manutenção preditiva adequada, que mantenha a qualidade do equipamento e evite paradas não programadas?

Tu tens consciência do valor da informação para os negócios?

Tomando como exemplo a Nike, que usa com excelência a tecnologia, você já deve ter visto alguma propaganda de tv/internet onde ela divulga um aplicativo de monitoramento de corrida. Pois então, quem usa está gerando informações que em larga escala são preciosas para a decisão de produção de uma linha/produto, ou até mesmo estratégia de marketing a um determinado público. Eles sabem o quanto você corre, onde, qual exercício você prefere etc. Assim, ela fabrica produtos cada vez mais adequados aos desejos do público para cada tipo de esporte praticado, fideliza e ganha mercado.

Obviamente que o foco não está na quantidade de dados, mas o que os gestores fazem com esses dados e como eles contribuem com os resultados do negócio. Eu consigo entender a demanda de forma mais inteligente e, com isso, antecipar eventos frente à concorrência, direcionar de forma mais efetiva a estratégia de marketing, inclusive individualmente, caso muito comum do varejo, ou então simplesmente aumentar a produtividade e reduzir os custos, o que irá elevar a margem e o resultado final. Qualquer ação estratégica de negócio precisa ser amparada por informações, e quanto maior o volume de dados, maior o alcance para entender o que de fato irá contribuir para o negócio e o que é irrelevante.

Dicas:

1 – Preciso saber o que medir; para isso existem os mapeamentos de processos.

2 – Nem toda medida é válida, é preciso ter usabilidade na informação.

3 – Não adianta medir e não fazer melhorias a partir da informação.

Depois temos a parte em negrito que diz: “velhas ideias e resistem a mudanças”.

Aquela turma que acredita que as coisas são estáticas nos negócios, afinal, bancos sempre existiram, lojas também Portanto, o argumento de dinamismo nos negócios não existiria, mas sabemos que não é bem assim. O setor continua existindo, mas ele evolui,  porém nem todas as empresas evoluem com ele. Quer um exemplo clássico? Banco Nacional, na década de 90, contra Itaú.

Não está satisfeito? Mesbla, que vendia lancha e avião; a Renner vendia motos. Uma ainda existe.

Notícias novas sobre questões ambientais, de desenvolvimento sustentável, de aplicação da indústria 4.0 surgem com muita frequência, inclusive na semana passada uma nota do jornal Valor Econômico informava que um memorando foi assinado entre Eletrobras, Siemens e Cepel, que juntas irão realizar estudos sobre hidrogênio verde, da produção até o consumo, através de uma unidade piloto de produção escalável. Hidrogênio verde tem pegada zero carbono, gerado por eletrólise, que usa água e eletricidade de fontes renováveis, dizia a nota.

Ou a gigante dos pneus Michelin, que mesmo tendo a maior parte da receita vinda dos segmentos que desponta com maior pneus, vê crescimento em outros segmentos, e um deles é justamente o de células de combustível de hidrogênio. Segundo reportagem do Valor, o  potencial desse mercado é de 6,5 bi de euros em 2030 (em 2020 foi de 300 mm).

Quem sabe a Raízen, que investiu R$345 mm para a safra 2020/21 e parte do investimentos foi para a compra de 125 caminhões semiautonômos, uma economia estimada de 2 mm de litros de combustível, ou 40% menos, sendo que o combustível representa cerca de 25% do custo operacional dela, então é significativo. Outro detalhe é que eles irão substituir os tratores, que levam a cana até o caminhão, que por sua vez leva para a usina. OBS: temos material de COSAN disponível na área Dica Beginner.

Próxima frase destacada em negrito: “elas não percebem que elas próprias podem ser o problema”.

Tudo lindo na teoria, mas e na prática? O que fazer?

Comece pelo óbvio, sempre:

  1. Não fale dos outros pelas costas, vulgo: pare de fofocar, não dê audiência para a rádio peão;
  2. Seja pontual, ninguém gosta de gente folgada;
  3. Elogie sempre uma boa ideia, sugestão, comprometimento, ajuda. A estrada é larga, tem lugar para todo mundo, e se não for nessa empresa, será na próxima;
  4. Não levante a voz, não permita que a emoção fale mais alto que a razão. Quem não se controla, acaba se prejudicando;
  5. Use a tolerância: ninguém é perfeito, você também não é. Afinal, ao contrário do que sua mãe dizia, você é sim “todo mundo” nesse caso;
  6. Não minta, jamais, por ninguém. As chances disso se voltar contra você são enormes;
  7. Assuma as decisões que tomar; nunca jogue a culpa no mais fraco. Isso não é esperteza, não tem vida longa em nenhuma organização, a não ser que você seja o filho do dono. Então, errou? Não banque o mártir, não se faça de vítima, resolva e siga em frente;
  8. Não gosta de alguém da equipe? Paciência, muitos não devem gostar de você também, ninguém é obrigado a “morrer de amores” pelos colegas, mas isso não significa que não deva existir respeito e profissionalismo no tratamento.

Adicionaria aqui:

Estude, evolua. Quem planta abacaxi não colhe morango, o que sempre foi feito não é necessariamente o que sempre deve ser feito, o mercado não se adpta a você, mas você deve se adaptar ao mercado. Afinal, como um dia citou Bruce Lee:

Esperar que a vida te trate bem só porque você é uma pessoa boa é o mesmo que querer que um tigre não te ataque só porque você é vegetariano.

 E por fim: Velhas ideias são seu maior passivo.

Exemplo: Se você investe em Embraer, Ambev, Weg ou em alguns ativos no mercado internacional, como Volkswagen, Mercedes-Benz, Bosch ou Siemens, já está investindo na indústria 4.0. Obviamente, cada uma dessas empresas está em um nível de desenvolvimento diferente, estágios distintos, aplicações diferentes no processo produtivo, mas todas elas já perceberam a necessidade de olhar para o futuro com projetos pensados para a evolução dos sistemas de produção, a Manufatura Avançada.

Ou seja, a intenção dessa revolução é permitir a conectividade do sistema (máquinas), criando assim uma rede inteligente e, consequentemente, reduzindo as perdas dos processos produtivos, seja de tempo, matéria-prima, insumos,  produtos em produção e acabados. Isso ocorre porque é possível testar todo o processo virtualmente, antecipar os problemas, reduzir os tempos, melhorar o controle de qualidade, reduzindo assim os retrabalhos e, com isso, aumentando o lucro do negócio. Essa realidade aumentada, que simula a execução no virtual para posterior aplicação no mundo real, tem impacto inclusive na manutenção preventiva, que por sua vez influencia diretamente a capacidade da planta, afinal, sem manutenção preventiva  adequada, as possibilidades de paradas não programadas aumentam, o que interfere na produção efetiva, ou seja, no volume e no faturamento, o que vai mexer no lucro operacional também.

Contribui também com o aumento da produtividade nos  processos, já que é possível detectar e eliminar as falhas de forma mais rápida e sem perder produção, e isso faz com que os produtos tenham menos falhas no final da linha. O controle de qualidade mais efetivo produz efeito na confiabilidade do produto, que consequentemente faz com que a demanda por ele aumente. Ou seja, a proposta é testar no virtual, através do rastreamento e monitoramento remoto de todo o sistema, prevenindo e otimizando a produção.

E sabemos que essas mudanças alteram radicalmente as formas de produção, a forma como o trabalho é organizado e no quanto de energia é aplicada nas tarefas. Basta voltar no tempo e refletir sobre a 1ª revolução (uso da máquina a vapor, as ferrovias como modal de transporte e sem esquecer da fabricação têxtil); já a 2ª revolução tem como protagonista a eletricidade, petróleo e o aço; e a última (3ª revolução), que ainda está presente na maior parte das indústrias, teve como personagem principal o computador, a microeletrônica e as telecomunicações e ocorreu a partir do final da década de 90, ou seja, a revolução da era da internet.

Caso você tenha 40 anos ou mais, vai lembrar de como eram as produções na década de 80, como alguns gestores reagiam à possibilidade da internet mudar os sistemas de produção e como isso afetaria as formas de trabalho e também o consumo. Mas as coisas mudaram, afinal, não é uma questão de opinião, e sim, de dados.

 Até a próxima semana.

Daniel Nigri  Analista CNPI 1810

Sócio e Fundador do Dica de Hoje Research

OBS: os ativos mencionados no texto não são recomendação de compra ou venda

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