Dos, aproximados, 100 mil pontos do início de maio até os mais de 117 mil pontos em junho, o Ibovespa acumula uma alta considerável depois de muitos meses andando de lado.
De fato, parece que os investidores estão voltando a se animar com a bolsa…
Quem aproveitou os bons preços praticados no mercado ao longo dos últimos meses, certamente, conseguiu surfar bem esse último rali da bolsa brasileira. Entretanto, a pergunta que fica é: até onde vai essa alta?
Antes de respondermos essa pergunta, vale a pena compreendermos o que motivou essa recente alta.
Bom, se você está no mercado há algum tempo, sabe que os ciclos do mercado costumam ser marcados por uma tendência de alta ou de queda nas taxas de juros, afinal, os juros são os grandes balizadores da taxa de desconto aplicada pelos analistas quando fazem contas para encontrar o valor justo das empresas. Além disso, sabemos que a alta ou baixa dos juros varia de acordo com a inflação, ou seja, se a inflação está em alta, os juros sobem, se a inflação está em queda, os juros caem. De forma simples, funciona assim.
Já comentamos em outro artigo que o trabalho do Banco Central (BC) é garantir que a inflação convirja para a meta, a qual é estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para fazer isso, o BC tem como ferramenta a taxa Selic que ele eleva quando quer que a inflação caia e diminui quando a inflação está controlada.
O IPCA, principal índice de inflação da economia brasileira, tem se mostrado bem controlado, inclusive, segundo os últimos dados divulgados, ele se encontra em 3,9% no acumulado dos últimos 12 meses. Adicionalmente, as projeções de inflação semanalmente apresentadas pelo Boletim Focus, também tem caído.
Portanto, tendo em vista que estamos com sinais cada vez mais fortes de que a inflação irá convergir para a meta (e talvez, mais rápido do que o esperado), compreendemos que o BC não terá a necessidade de manter as taxas de juros em um patamar tão elevado (13,75%). Logo, a tendência é de que haja corte na taxa Selic nas próximas reuniões.
Pois bem, com o mercado assimilando essas informações, o movimento natural é de que ele comece a precificar essa queda dos juros e, consequentemente, ajuste o preço justo das ações de acordo com a nova taxa de desconto que será utilizada no valuation das empresas. Em outras palavras, quanto menor o juros, menor a taxa de desconto e, assim, maior o valor justo das empresas, ou seja, as ações precisam subir para que o valor de mercado das companhias suba também.
Esse é o grande motivo dessa alta recente.
Agora, até onde vai essa alta? Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. A verdade é que ninguém sabe, afinal, precisamos aguardar para ver se as expectativas do mercado acerca do corte nos juros serão, de fato, concretizadas.
Supondo que sejam concretizadas, o preço das ações já estará ajustado quando acontecer, logo, não teriam motivos para novas altas. Por outro lado, caso o corte seja mais intenso do que o esperado, a taxa de desconto precisará, novamente, ser reajustada e as ações subiriam mais ainda. E, por fim, caso não haja corte algum e o mercado se frustre, a taxa de desconto voltará ao patamar inicial e as ações entrarão em queda.
Acredito que estes são os cenários possíveis…
Grande abraço,
João Pedro Mello
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